Plano Municipal de Apoio e Promoção ao Extrativismo Sustentável (PMAPES)
Na construção da incidência proposta, nos propusemos a exercitar metodologicamente, as costuras a partir e entre os diferentes atores e atrizes envolvidos/as nas diferentes posições que ocupam no trabalho com o extrativismo para estruturar os pilares que venham a orientar a construção do Plano. Por se tratar de uma experiência inovadora na temática a nível municipal, os movimentos feitos se balizaram muito pelas percepções que a instituição CETAP foi concebendo pelos trabalhos prévios na região dos Campos de Cima da Serra como um todo, obviamente que, articuladas às instituições parceiras o que possibilitou uma boa abertura para a articulação. Portanto, construiu-se o Plano de incidência para auxiliar a estruturação das ações colocando como meta onde e o que pretendemos alcançar com as incidências, com o mapeamento de grupos de agricultores/extrativistas, secretarias municipais, conselhos municipais, empreendimentos comerciais estratégicos para incidência e ao mesmo tempo contemplar a diversidade de percepções a participação social.
Partimos do ponto que as bases para compor os eixos do PMAPES devem estar atreladas à realidade daqueles e daquelas que vivem e praticam o extrativismo. Neste sentido, foram realizadas reuniões junto a grupos de agricultores e extrativistas em diferentes distritos do município elencando pontos de diversas naturezas quando se coloca a pergunta: "O que podemos melhorar no trabalho com o pinhão?" e que destacam-se, não necessariamente em ordem de importância:
a) Infraestrutura: máquinas e equipamentos que contribuam no manejo da debulha das pinhas/ armazenamento em câmara fria para escoamento e melhor preço/ Central de recolhimento e distribuição coletiva/ Melhoria nas estradas de acesso ao interior;
b) Segurança: equipamentos e capacitação para ascensão nos pinheiros de modo a reduzir mortes e acidentes;
c) Comercialização: acesso a mercados que valorizem o produto, menor dependência dos atravessadores;
d) Capacitação: sensibilização das boas práticas/possibilidades de uso das espécies nativas;
e) Sucessão: estímulo à reposição e regeneração das espécies nativas (incentivo econômico);
Para se ter um panorama macro, optamos por buscar integrar diferentes secretarias municipais que, direta ou indiretamente, acabam por lidar com a temática do extrativismo do pinhão. Foram realizadas diversas tentativas de integrar a Secretaria de Saúde, através dos agentes municipais de saúde (que possuem contato direto com agricultores e extrativistas que estão envolvidos na atividade), para auxiliar no levantamento de um diagnóstico quanti-qualitativo que pudesse nos dar uma abrangência maior sobre questões envolvidas desde acidentes e fatalidades associadas ao subir nos pinheiros (muito comuns) até a o trabalho na diversificação do uso do pinhão para a alimentação humana. Por demanda da pandemia, os agentes de saúde estiveram envolvidos na linha de frente auxiliando, não avançando no envolvimento.
Quanto a Secretaria do Desenvolvimento Social, na figura do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), tiveram participação importante na aplicação do questionário junto ao público assistido, levantando aspectos relevantes quanto ao envolvimento também do público urbano, seja na comercialização ou consumo do pinhão durante a safra e que a atividade é economicamente representativa para uma boa parte das famílias. Destaca-se a desconfiança dos/das assistidos/as na socialização e abertura dos dados quanto a atividade por alguns motivos como: a coleta dos produtos da sociobiodiversidade se dar em terras de terceiros; medo de perder o auxílio social por obter a renda na comercialização. Portanto, foi pensada uma abordagem junto a Secretaria que buscasse deixar mais clara sobre a obtenção dos dados e que as demandas levantadas serviriam de auxílio para pensar ações que viessem contribui no trabalho do extrativismo.
O processo de comunicação na incidência foi ampliando a visibilidade e consequentemente as possibilidades de articulação para além do município, merecendo destaque uma articulação de abrangência regional: o CONDESUS (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável dos Campos de Cima da Serra), consórcio que abarca os doze municípios tem sido um espaço importante de discussão do plano municipal de apoio ao extrativismo sustentável de São Francisco de Paula. Nesse espaço, tem ocorrido reuniões com as secretarias municipais de meio ambiente. A tal ponto avançou a discussão que está sendo construído um edital, no âmbito deste consórcio, que estimule ações na mesma direção em todos os municípios participantes. Esse avanço é o que mais podemos almejar, quando nossa ação no município, através dessa espécie de “incidência horizontal”, chega a outros municípios. Portanto, visualizar perspectivas múltiplas de viabilizar o Plano do papel para a prática. Tal amplitude se deve a diversos fatores e envolvimento de diversas esferas, seja na mobilização, divulgação ou mesmo conexão entre atores distintos. A legitimidade da atuação do CETAP na região, através da consolidação do trabalho com as espécies nativas e sistemas produtivos baseados no extrativismo sustentável, tem garantido boa permeabilidade e receptividade com os interlocutores.Além do eixo central sobre a temática do extrativismo sustentável, outros pontos que mais amplos emergiram e que também avançaram, no entanto merecem mais discussões de modo a trazer encaminhamentos mais concretos. A primeira delas diz respeito à construção de uma minuta de PL que regulamenta a adoção de medidas protetivas às poligonais das unidades de produção agrícola certificadas como orgânicas no município, pelo fato da expansão das lavouras convencionais vêm impactando. Essa discussão vem se dando no Grupo de agricultores vinculado à Rede Ecovida de Agroecologia e está sendo estruturado de modo a pensar estrategicamente as ações. Outro ponto que merece destaque enquanto oportunidade de construção é o Vale-Feira, onde o diálogo vem sendo feito entre diferentes secretarias com apoio do CRAS, para se pensar dinâmicas de comercialização que não somente iniciativas do governo federal, mas que o município passe a incorporar esta questão na discussão local.
Anexos
Reunião Grupo de extrativistas Distrito Juá - Localidade Cadeinha - Foto: Tiago Fedrizzi
Dimensões: 1280px x 960px
Tamanho: 121167 bytes
Reunião de apresentação da iniciativa Gestão municipal ( Prefeito, Vice, Secretária Meio Ambiente, Secretaria Agricultura) - Foto: Imprensa Municipal
Dimensões: 2560px x 1707px
Tamanho: 530376 bytes
Reunião Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável dos Campos de Cima da Serra (Condesus) apresentando a experiência da construção do Plano Municipal junta aos secretários/secretárias municipais de meio ambiente dos 12 municípios que compõe- Foto: Tiago Fedrizzi
Dimensões: 1600px x 1200px
Tamanho: 113632 bytes
Capacitação uso das espécies nativas na saboaria artesanal - Grupo de Mulheres Floripas Cazuzenses - Foto: Tiago Fedrizzi
Dimensões: 1280px x 960px
Tamanho: 150751 bytes
Reunião Conselho Municipal de Turismo sobre as diretrizes do Plano para fortalecimento do setor turístico - Foto: Tiago Fedrizzi
Dimensões: 1280px x 960px
Tamanho: 97699 bytes
Anexo 6
Tamanho: 386045 bytes
Anexo 7
Tamanho: 66853 bytes
Anexo 8
Tamanho: 150404 bytes
Anexo 9
Tamanho: 65632 bytes
Anexo associado aos antecedentes da experiência de incidência
Tamanho: 13217890 bytes
Anexo associado aos antecedentes da experiência de incidência
Tamanho: 312508 bytes