Plano de incidência para a ampliação das compras públicas da agricultura familiar em Belo Horizonte


Agroecologia Nos Municípios - Belo Horizonte – AnM-BH    
A definição de BH como município para ações de incidência na AnM foi tomada pela AMA em diálogo com a ANA e a coordenação do projeto AnM. Esta decisão levou em conta diversos aspectos, dos quais destaca-se a importância do município como capital do Estado, como liderança e referência para a região metropolitana e a trajetória positiva e peculiar de formulação e implementação de políticas públicas de SAN.
No início dos trabalhos foi constituído um grupo operativo, formado por organizações sociais do campo agroecológico, com a finalidade de liderar o processo. Este grupo produziu as seguintes reflexões iniciais:
·       Em BH existem várias políticas públicas que apoiam e ou fortalecem a agricultura familiar, urbana e agroecológica e no campo da SAN, que se desdobram em diversas programas, projetos e ações, bem como equipamentos públicos de grande relevância. Apesar de ser uma referência nacional e internacional, as políticas de BH têm deficiências em muitos aspectos importantes, que comprometem o cumprimento dos seus objetivos.
Em função disso, torna-se fundamental:
Ø  Realizar ações de incidência e pressionar o Poder Público, para que sejam realizadas correções, ajustes e reorganização em certas políticas, no sentido de melhorar o seu alcance e a sua eficiência;
Ø  Definir foco e estratégia de ação na iniciativa AnM, de maneira a não dispersar energias, para ao final do processo consolidar resultados tangíveis;
Ø  Ampliar o grupo de organizações da sociedade civil envolvidas com a AnM, construindo unidade na ação e fortalecendo a capacidade de incidência. 
·       Embora o foco da AnM seja Belo Horizonte, as estratégias já definidas e as organizações envolvidas apontam o seu olhar e as suas ações para a territorialidade Metropolitana.
·       A elaboração do Protocolo de Intensões e a construção do SPG são as iniciativas mais inovadoras e importantes construídas nos últimos tempos e reclamam a atenção e o envolvimento das organizações. As ações da AnM devem contribuir para o fortalecimento e a consolidação do SPG.
·       O SPG dá concretude ao Protocolo, por isso é preciso fortalecer o processo do SPG. Existem várias demandas importantes no âmbito do SPG, sendo a principal delas atualmente, as compras institucionais.
·       A Associação Horizontes Agroecológicos (AHA) tem fragilidades e busca ainda se firmar. Por isso, não é possível a AnM ter como referência e lastro institucional as ações da AHA.
·       Neste momento, o COMUSAN-BH está muito dinâmico e atuante, podendo ser efetivo na capacidade de incidência junto à prefeitura de BH. 
Diante destas constatações acima, definiu-se as seguintes estratégias: 
Ø  As Compras institucionais da PBH são o foco da AnM;
Ø  O COMUSAN BH é o instrumento / espaço prioritário definido para a ação da AnM-BH. Será realizada uma aproximação maior junto aos conselheiros da sociedade civil para definição das ações e estratégias.
Ø  O produto definido como prioritário da AnM-BH é a construção de um PLANO de INCIDÊNCIA. Neste plano serão detalhadas as ações necessárias e os atores sociais envolvidos para a incidência junto à Prefeitura de Belo Horizonte.
Ø  O foco do plano de incidência são as chamadas públicas da SUSAN/PBH para compras de alimentos da agricultura familiar. Definiu-se pela elaboração de um “roteiro” com percepções, análises e propostas para o aperfeiçoamento das chamadas públicas, bem como uma lista de produtos perecíveis e não perecíveis a serem ofertados nas próximas chamadas. 
Com esta orientação definida, o grupo operativo foi ampliado com a inserção de representantes da sociedade civil no COMUSAN, mais próximos do campo da AMA e da AnM. Assim, além da Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas e do Grupo AUÊ! /UFMG - Estudos em Agricultura Urbana e outras representações da AMA, as seguintes organizações / representantes passaram a fazer parte da coordenação dos trabalhos: AMAU - Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana; CEDEFES - Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva; CRN9 - Conselho Regional de Nutricionistas; GRAAl - Movimento do Graal Brasil (MG); AHA - Associação Horizontes Agroecológicos; Rede Sisal - Rede Sisal: Circuitos de Comercialização Solidária da Agricultura Familiar e Urbana; e UNICAFES - União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado de Minas Gerais
A partir daí, foram realizadas diversas reuniões de forma virtual para elaboração do Plano de Incidência. O ponto de partida foi a construção dos cenários, utilizando-se como ferramenta da matriz FOFA (fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças). Além disso, foi realizada uma apresentação e discussão da pesquisa ação Comida de Verdade, realizada em BH (e em outras cidades do Brasil) em 2019, que apurou informações de grande relevância sobre a execução do PNAE em BH. Nesta fase foram elencadas diversas propostas e questões convergentes entre a pesquisa ação e a discussão já acumulada pelo coletivo da AnM BH, com potencial para contribuir na incidência e nas ações das organizações da sociedade civil. Na fase de construção de propostas, foi definido que o foco do Plano de Incidência deve estar nas chamadas públicas de compras da Agricultura familiar.
Até a presente data (fevereiro de 2022), o principal espaço de incidência é a reunião com a SUSAN e o Comitê de Compras da PBH, para apresentação e debate das propostas para as chamadas públicas, contida no plano de incidência. Após o agendamento da reunião para o início de fevereiro, houve a necessidade de adiamento em função da judicialização do retorno presencial das atividades de ensino coordenadas pela Prefeitura de BH. A reunião ocorreu no último dia útil de fevereiro, em 25/02/2022. 

2. Antecedentes da experiência

2.1 Faça um resumo dos antecedentes da experiência que antecederam a iniciativa Agroecologia nos Municípios.

Resumo - Antecedentes da experiência de BH

Desde 1993 foram implementadas diversas políticas públicas de fortalecimento da Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (SANS), da Agricultura Urbana (AU) e da Agroecologia que fizeram de Belo Horizonte uma referência nacional e internacional no tema. Atualmente, a capital mineira possui um arcabouço consistente no que diz respeito às políticas públicas de SANS, que abrangem múltiplas dimensões, como o acesso aos alimentos, produção, consumo, abastecimento, educação alimentar, monitoramento nutricional, pesquisa, dentre outros. A realização do IV ENA – Encontro Nacional de Agroecologia em 2018, dentro do Parque Municipal de Belo Horizonte foi uma demonstração da importância desta cidade para o movimento agroecológico. O IV ENA também demonstrou a capacidade de articulação, envolvimento, compromisso e de realização de ações de grande complexidade por parte dos atores sociais (estatais e não estatais) que fazem a agroecologia em BH.

A definição de Belo Horizonte como município prioritário para a AnM ocorreu por um conjunto de fatores, especialmente a trajetória de implementação de políticas públicas de SAN e agroecologia, bem como a sua condição de capital do Estado, exercendo influência para Minas Gerais e o Brasil. Também se soma a estes elementos um contexto territorial, onde o município de BH lidera a terceira maior região metropolitana do País, composta por 34 municípios com mais de cinco milhões de habitantes. As políticas públicas adotadas em na capital mineira inspiram e influenciam os municípios de MG e de maneira muito direta toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Belo Horizonte e a região metropolitana se caracterizam pela grande quantidade e diversidade de movimentos sociais e organizações da sociedade civil, atuantes em distintas áreas na defesa dos direitos humanos e da cidadania. No campo agroecológico, destaca-se a REDE-Agroecologia no Campo e na Cidade (anteriormente denominada Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas). As iniciativas da sociedade civil no campo da agroecologia remontam a década de 1980, quando se utilizava a expressão “agricultura alternativa”, e se intensificaram a partir dos anos 2000, com a REDE desenvolvendo ações como Encontro de Quintais, Encontros da Agricultura Urbana, Intercâmbios entre agricultoras (es) e mutirões para plantio de hortas comunitárias entre outros. A mobilização da sociedade civil na temática da agricultura urbana e agroecologia fez emergir a Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana (AMAU) no ano de 2004.

Para coordenar as políticas públicas municipais de SAN, foi constituída a Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (SUSAN), criada na gestão 2017 – 2020, como parte da estrutura da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (SMASAC). Na SUSAN estão: a Diretoria de Fomento à Agricultura Familiar, Agricultura Urbana e Abastecimento (DFAB), a Gerência de Fomento à Agricultura Familiar e Urbana (GEFAU) e a Gerência de Apoio ao Sistema de Abastecimento e Comercialização (GEASC). Existem diversas políticas, projetos, programas e ações, de fortalecimento e ou consolidação da agricultura urbana e agroecologia em BH, além de leis, decretos e portarias neste sentido.

  

3. Participação social e política na experiência de incidência

3.3 A experiência de incidência é realizada conjuntamente a organizações da sociedade civil (grupos, coletivos, organizações, movimentos sociais e outros)?Sim

3.5 Em que âmbito se deu a participação da sociedade civil no processo de incidência?

  • Mobilização e fortalecimento de grupos da sociedade civil
  • Na redação/elaboração de políticas públicas
  • Conselho municipal
  • Reunião com técnicas/os de órgãos públicos
  • Na articulação com atores políticos (esfera municipal)

3.6 Dentre as pessoas protagonistas, marque o grupo com maior participação:Mulheres

3.7 Dentre as pessoas protagonistas, marque o grupo com maior participação:Não é possível aferir

3.8 Dentre as pessoas protagonistas, marque o grupo de faixa etária com maior participação:Não é possível aferir

3.10 Como você qualifica os espaços de participação social no município de incidência?Efetivos (participação substantiva em algumas partes do processo)

3.10. 1 Faça uma breve consideração sobre a qualificação dos espaços de participação social a partir da resposta anterior

Houve interação com o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Belo Horizonte, COMUSAN BH.

Este conselho é ativo e dinâmico, tem participação efetiva da sociedade civil, que o preside. O COMUSAN acompanha, monitora e discute a implementação de diversas políticas no município.

3.12 Descreva os resultados e aprendizados do processo de participação da sociedade civil na experiência de incidência.

Praticamente todas as organizações participantes são maduras e tem ampla trajetória no campo da incidência política. Para algumas delas, a incidência no âmbito municipal não é uma prática recorrente.


3.13 Descreva as fragilidades e desafios/dificuldades do processo de participação da sociedade civil na experiência de incidência.

As principais fragilidades estão no número reduzido de organizações sociais participantes, em relação à grande diversidade de movimentos existentes na RMBH, e dificuldades para estabelecer agendas coletivas dada a diversidade de pautas na gestão municipal que podem ser controversas.

Indique o perfil dos/as participantes da sociedade civil com quem a experiência de incidência foi articulada durante a iniciativa.

  • Universidades
  • Cooperativas e Associações
  • Redes
  • ONGs

NomeConselho Regional de Nutricionistas

Qual o papel da organização na iniciativa?

  • Mediadora entre sociedade civil e poder público
  • Participante

NomeCooperativa Central dos assentados/as de MG (Concentra)

Qual o papel da organização na iniciativa?Participante

NomeAMAU Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana

Qual o papel da organização na iniciativa?Participante

NomeUnião das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado de Minas Gerais

Qual o papel da organização na iniciativa?Participante

NomeRede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas

Qual o papel da organização na iniciativa?

  • Participante
  • Facilitadora do processo participativo

NomeGrupo AUÊ! - Estudos em Agricultura Urbana

Qual o papel da organização na iniciativa?

  • Mediadora entre sociedade civil e poder público
  • Facilitadora do processo participativo
  • Participante

NomeCentro de Documentação Eloy Ferreira da Silva

Qual o papel da organização na iniciativa?Participante

NomeAssociação Horizontes Agroecológicos

Qual o papel da organização na iniciativa?Participante

NomeRede Sisal: Circuitos de Comercialização Solidária da Agricultura Familiar e Urbana

Qual o papel da organização na iniciativa?

  • Facilitadora do processo participativo
  • Participante

NomeMovimento do Graal Brasil (MG)

Qual o papel da organização na iniciativa?Participante

4. Institucionalidade

4.1 Quais esferas públicas estiveram associadas?

  • Executivo
  • Legislativo

4.2 A experiência se deu de forma suprapartidária? Sim

4.3 A experiência se deu de forma intersecretarial/intersetorial? Sim

4.4 Houve envolvimento de conselhos municipais?Sim

4.5 A experiência resultou em alguma institucionalização?Não foi institucionalizada

4.6 A experiência está relacionada a outras políticas públicas municipais?Sim

4.7 A experiência está relacionada a alguma política pública estadual?Sim

4.8 A experiência está relacionada a alguma política pública federal?Sim

Indique o perfil dos/as participantes do Executivo com quem a experiência de incidência foi articulada durante a iniciativa.

  • Secretária/o Municipal
  • Funcionária/o da Prefeitura

Indique o perfil dos/as participantes do Legislativo com quem a experiência de incidência foi articulada durante a iniciativa.

  • Assessoria
  • Outro

Qual(is) outro(s)?Assessoria Parlamentar da Assembleia Legislativa do Estado de MG

Quais conselhos municipais foram envolvidos?

  • Conselho Municipal de SAN
  • Conselho de Alimentação Escolar (CAE)

Apresente outras políticas municipais com a qual a experiência está relacionada.

Programa Municipal de Alimentação Escolar de Belo Horizonte - PMAE-BH, instituído pela Lei Municipal 11.198 / 2019.

Sistemas Agroecológicos: Unidades Produtivas Institucionais

Sistemas Agroecológicos: Unidades Produtivas Escolares

Sistemas Agroecológicos: Unidades Produtivas Coletivas e Comunitárias


Quais políticas federais?Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

Quais políticas estaduais?

A ação de incidência da AnM-BH está alinhada com a Política Estadual de apoio à Agricultura Urbana, instituída pela Lei Estadual nº 15.973, de 12/01/2006, com a Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica – PEAPO, instituída pela Lei Estadual nº 21.146/2014 e com a Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável – PESANS (Lei Estadual nº 22.806/2017).

Anexos

Anexo 1

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Anexo 2

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Anexo 3

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Anexo 4

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