Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba

A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba se constitui como um grupo de pessoas interessadas em implantar, manejar e estudar os sistemas agroflorestais (SAF) com a participação popular para restaurar a paisagem com princípios na agroecologia. Desde 2010 organiza mutirões que potencializam o apoio mútuo e chamam a atenção para novos valores sobre o ensino, assistência técnica (ATER) e pesquisa.

No ano de 2019 foi retomada a questão da sua institucionalização através de assembleia para constituição de conselho diretor provisório. Entre 2020 e 2021, já imersos na pandemia, com apoio do Instituto Auá (Edital Ecoforte) e TNC, obtivemos recursos para constituir advogada e contratar serviços de contabilidade, dando prosseguimento no registro em cartório.

Entre março e maio de 2021, com apoio financeiro da WRI foi elaborado um Plano de Ação da Rede Agroflorestal a partir de revisão bibliográfica, questionários aos agricultores e não agricultores, entrevistas com pessoas chave, duas oficinas e uma reunião do Conselho Diretor.

Como resultados parciais, registramos que ao longo de 10 anos foram cadastrados no blog da Rede Agroflorestal 53 mutirões e 28 capacitações que envolveram mais de mil agricultores(as) e 250 não agricultores(as), abrangendo 41 municípios e 66 instituições públicas e privadas. 

Coutinho et al. (2021) estimam que esses registros representem apenas 30% das atividades efetivamente realizadas no período de 2011 a 2021. O método 'aprender fazendo', utilizado na dinâmica dos mutirões, coloca os(as) agricultores(as) no centro do poder da Rede, para gerar, adaptar e disseminar as tecnologias agroflorestais (Devide et al., 2020). 

Responderam aos questionários para o Plano de Ação 71 agricultores da reforma agrária e novo rural. Os principais fatores que limitam a produção agroflorestal são os poucos recursos financeiros e ausência de crédito, déficit de mão de obra, insumos, ATER e apoio à comercialização. 

Dos 58 técnicos que responderam ao questionário, a maioria conheceu a Rede Agroflorestal em mutirões e 55% se sente capaz de manejar SAF e as principais especialidades são Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas. 

As metas do  Plano de Ação elencadas por esses atores devem fortalecer a governança; disseminar os SAF por meio de mutirões agroflorestais organizados; melhorar a  capacitação e o ensino formal; organizar o trabalho dos coletores e produtores de  sementes e mudas; e fortalecer a comercialização de produtos agroflorestais. 

Mesmo durante a pandemia de covid-19, os mutirões agroflorestais continuaram acontecendo nas diversas realidades e organizações locais do Vale do Paraíba. Em breve os resultados consolidados do Plano de Ação serão publicados e a institucionalização da Rede Agroflorestal consolidada. Esses dois passos são importantes para fortalecer as ações em prol dos sistemas agroflorestais, da agricultura familiar e da agroecologia na região. 


O Vale do Paraíba do Sul é uma das regiões com solos mais degradados do Brasil, por onde passou o ciclo do café, cana-de-açúcar, pecuária e atualmente a silvicultura do eucalipto, gerando um quadro de fragmentação da Floresta Atlântica, convertida em pastagens extensivas e monoculturas que muitas vezes ocupam áreas ciliares e encostas íngremes, onde a aptidão do solo recomendaria a preservação permanente, agroflorestas ou silvicultura.


Como a Mata Atlântica foi a matriz florestal do passado a situação ganha tons de desastre ambiental devido à importância do bioma para o planeta; já que a região é considerada uma das cinco mais ricas em biodiversidade, principalmente para a fauna e a população que depende das águas do Rio Paraíba do Sul, atualmente assoreado com diversas ocupações irregulares em suas margens, marcado pela extração de areia ao longo da calha resultando em um aumento considerável dos lagos artificiais e na evaporação suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 326 mil habitantes.


Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) podem se tornar uma das formas mais sustentáveis de se restaurar a Floresta Atlântica, convertendo o ecossistema degradado em outro, com destino e uso distintos, tornando-o produtivo com baixo uso de recursos externos e capital. Os SAFs podem recuperar a capacidade produtiva dos solos reduzindo processos erosivos, aumentando a recarga hídrica para os aquíferos subterrâneos, melhorando a paisagem, agregando valor a terra e conservando habitats naturais. Também, podem se tornar um dos vetores de ligação entre fragmentos florestais remanescentes, ligando a Serra do Mar à Mantiqueira, melhorando o fluxo de animais silvestres, beneficiando, também, a diversidade biológica.


A reflexão sobre esses problemas afloraram durante as discussões sobre o novo Código Florestal e a necessidade de disseminar os SAFs na região passou a ser tema de diversos encontros que ocorreram entre os anos de 2011 e 2013. Foram realizados cinco Mutirões Agroflorestais reunindo um público estimado de 300 pessoas. Essas atividades inicialmente foram realizadas no Pólo Regional do Vale do Paraíba, da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Participaram desses mutirões diversos produtores rurais, assentados de reforma agrária, pesquisadores, educadores, estudantes de nível médio, técnicos agropecuários e universitários, gestores ambientais de unidades de conservação, empresários e representantes de organizações não-governamentais (ONGs). 
Foram implantadas unidades de desenvolvimento tecnológico na APTA, em Pindamonhangaba, SP, que estão servindo de referência para a recuperação ambiental no Vale do Paraíba, gerando informações técnicas e recursos genéticos, tais como hortaliças não convencionais, que são repassadas como resíduo de pesquisa aos produtores que se vinculam aos mutirões, promovendo a alimentação saudável e melhoria de renda do produtor com um modelo novo de redefinição do uso do solo, neste caso, de áreas ciliares margeando lavoura de arroz e de cultivo de pupunha abandonada convertidas em SAFs.


Dentre os Mutirões, em Fevereiro de 2012, um evento marcou a parceria da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), por meio da EDR de Pindamonhangaba e da APTA - Pólo Regional do Vale do Paraíba, ambos vinculados à Secretaria do Governo do Estado; com o propósito de incentivar a adoção dos SAFs por meio da ação integrada dos novos assistentes agropecuários, que identificariam iniciativas locais em 21 municípios vinculados a EDR de Pindamonhangaba.


Em Dezembro de 2013, por meio da parceria da APTA - Pólo Regional do Vale do Paraíba com a ONG Pátio das Artes, foi realizado o IV Mutirão Agroflorestal do Vale do Paraíba em Pindamonhangaba, originando um Grupo Gestor de articulação da REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA.
Posteriormente, o V Mutirão aconteceu em São Lourenço/MG (Serra da Mantiqueira), fortalecendo o Grupo Gestor que vem atuando para consolidar o objetivo principal da REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA, que é disseminar os Sistemas Agroflorestais. 
A articulação entre os diferentes setores (ensino, pesquisa e extensão) resultou em um planejamento de reuniões bimestrais, estando prevista a primeira a ocorrer em Abril/2013 no CEAVAP – Centro de Estudos Ambientais do Vale do Paraíba, vinculado a Faculdade de Roseira (FARO) e também sede da REDE. 

São objetivos básicos da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba: promover a circulação da informação sobre os SAFs, desenvolver a pesquisa participativa, fomentar projetos em conjunto, estabelecer parcerias para ampliar a atuação e fomentar o mercado justo e solidário.

2. Informações sobre a rede

Descreva como é a estrutura organizativa e de governança da rede, abordando a periodicidade e finalidade das reuniões.A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba é uma Associação sem fins lucrativos que possui um Conselho Deliberativo com alternância de cargos bienal, possui os seguintes Grupos de Trabalhos ( Gts) : Comunicação, Comercialização, Sementes, Mutirão e  Projetos, cada Gt possui um coordenador e um secretário e as atividades dos grupos são pautadas pelo Plano de Ação.

Tipos de organizações envolvidas na rede

  • Universidade privada
  • Sistema Participativo de Garantia (SPG)
  • Sindicato ou Federação
  • Cooperativa de agricultores/as
  • ONG - organização não governamental
  • Universidade pública
  • Instituição de ensino, pesquisa e extensão
  • Grupo de Consumo Responsável (GCR) ou Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA)
  • Escola
  • Empresa privada
  • Empreendimento social
  • Movimento social

4. Dificuldades e demandas

Quais dificuldades a rede enfrenta no desenvolvimento das atividades.

  • Comunicação/Divulgação
  • Envolvimento das organizações
  • Estrutura de operação
  • Participação dos sujeitos
  • Recursos financeiros

Indique as principais demandas e necessidades da rede.

  • Políticas públicas
  • Infraestrutura
  • Projetos de pesquisa
  • Eventos
  • Acesso a tecnologias sociais

6. Anexos

Insira a logo da organização

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Anexos

Anexo 1

Dimensões: 960px x 639px
Tamanho: 168682 bytes