Rede Agroecologia na Borborema
A Rede de Agroecologia da Borborema tem sua origem ligada ao trabalho de organização política e social desenvolvido pelos sindicatos de trabalhadores(as) rurais (STRs) e pelas pastorais da Igreja Católica na região do Agreste paraibano, na zona de transição entre a Zona da Mata e o Sertão, trabalho este e que remonta à década de 1960. Esta região é marcada por uma forte presença da agricultura camponesa e familiar estruturada com base em sistemas de cultivo diversificados, com presença variável da criação de animais. Nos anos 1980, com o processo de democratização do país, verifica-se uma retomada das lutas sindicais na região, com a organização de diversas oposições sindicais. A partir do início dos anos 1990, os STRs situados nos municípios de Solânea, Remígio e Lagoa Seca, estabelecem uma parceria com uma ONG de assessoria denominada Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA) e passam a desenvolver, conjuntamente, uma série de ações voltadas ao resgate, disseminação e intercâmbio de práticas agroecológicas. Nesse mesmo período, verifica-se um progressivo fortalecimento do Polo Sindical e das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema, que passou a se constituir, progressivamente, com um ator-chave na construção da agroecologia nesta região. A rede de organizações que dá suporte à implementação do Programa Ecoforte no Território da Borborema é composta, atualmente, por dezendas de organizações, incluindo 13 STRs, 15 associações comunitárias, 1 associação regional de agricultores ecológicos, 21 grupos de mulheres, 5 grupos de jovens, 2 organizações não governamentais, 2 instituições de pesquisa, um núcleo de ensino e pesquisa agrícola, uma rede de 50 bancos comunitários de sementes, entre outras. O Polo Sindical, em parceria com a AS-PTA, como entidade de assessoria, assume um papel de destaque na articulação da rede, direcionando suas ações para a construção de um projeto de desenvolvimento territorial, pautado pela defesa da agricultura familiar, da agroecologia e da convivência com o semiárido. As dinâmicas participativas de construção do conhecimento agroecológico são mobilizadas, na Borborema, como uma ferramenta na construção de territórios camponeses. Destacam-se, como temas mobilizadores da rede: a produção, conservação e socialização de sementes; a organização sindical e comunitária; a organização das mulheres sob uma perspectiva feminista; o protagonismo da juventude; o manejo e conservação da água e dos solos nos agroecossistemas; a organização para a comercialização e acesso a mercados, entre outros. A atuação desta rede tem propiciado, também, a implantação neste território de uma rede descentralizada que busca fortalecer a autonomia destas populações na coleta e armazenamento de água, na produção e estoque de forragens e no resgate e manejo de sementes crioulas. As organizações do Polo participam também, ativamente, de diversas redes regionais e nacionais com atuação no campo da agricultura familiar, na convivência com o semiárido e na promoção da agroecologia. Estima-se que a Rede articule cerca de 4.000 famílias.