TRABALHO COLETIVO EM ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA: UM ESTUDO DE CASO NO ASSENTAMENTO JOSÉ ANTONIO EUFROUZINO, MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB
O desenvolvimento dos assentamentos de reforma agrária depende de diversos fatores, sendo a organização produtiva um dos mais importantes. Sabe-se que um dos aspectos mais importantes da organização para a produção é se utiliza exclusivamente o trabalho familiar ou se também contempla formas de trabalho coletivo. Esta última é algo pouco comum nos dias atuais. Não obstante, este estudo de caso busca pesquisar as potencialidades do trabalho coletivo de um grupo de famílias denominado “Unidos no Campo”, existente no assentamento José Antonio Eufrouzino, localizado em Campina Grande – PB. A existência de atividades agropecuárias de maneira coletiva motivou esta investigação com o intuito de observar os impactos dessa forma de organização do trabalho. A estratégia de investigação procurou resgatar o histórico do grupo, fazer a análise do processo de planejamento para produzir, além de averiguar os resultados da produção coletiva, comparando-a com o que obtém com o modelo individual. De fato, o trabalho de campo durou dois anos. Durante este tempo, foram observados vários aspectos de sua forma de viver e trabalhar, sempre numa constante interação com diferentes membros das famílias, assim como com sua instância coletiva que hoje está formalizada na “Associação coletivo Unidos no Campo”. Dentre as ferramentas de investigação utilizadas se podem destacar as seguintes: visitas individuais às famílias, participação em reuniões do grupo, articulação de visitas de intercâmbio. Além disso, também foram aplicados dois questionários visando conhecer melhor tanto a forma individual quanto a forma coletiva de produzir. A quantificação da produção foi realizada, em conjunto com o grupo, em suas áreas de produção fazendo mapeamentos das áreas de cultivo, bem como o registro das culturas e dos resultados da produção. Concluímos que o trabalho coletivo possibilitou o aumento da capacidade produtiva, ampliando sua resiliência e, portanto, favorecendo a convivência com o clima semiárido uma vez que o grupo enfrenta melhor as adversidades climáticas. Além disso foi possível constatar que contribuiu na organização social e na política interna do assentamento. Demonstrou-se assim que o trabalho coletivo é uma estratégia que apresenta viabilidade econômica, social e ambiental nos espaços de reforma agrária.