Tecendo rede de agroecologia urbana em Petrópolis
As informações levantadas durante a realização do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) nas 13 comunidades de atuação dos projetos do Programa de Desenvolvimento Social e Participação Comunitária, executado pela Equipe do Fórum Itaboraí em parceira com a Secretaria Municipal de Saúde de Petrópolis, apontaram para situações vinculadas ao tema da agricultura urbana tais como, a existência de iniciativas isoladas de hortas caseiras ou em pequenos espaços comunitários, a vulnerabilidade ambiental, a insegurança alimentar e nutricional, assim como a ressignificação de espaços comunitários e a participação social.
O Fórum Itaboraí partiu do princípios que as práticas agroecológicas em espaços urbanos podem atuar como agentes de transformação uma vez que tratam da segurança alimentar, da apropriação dos espaços e da economia solidária, temas que estão intimamente relacionados à moradia, à mobilidade urbana, à infraestrutura de saneamento básico e qualidade de vida. A interação dos princípios da Agroecologia, ao direito à cidade pode viabiliza a democratização do espaço urbano e do bem viver.
Neste sentido, a Equipe da Biodiversidade elaborou uma proposta de atividades de capacitação no âmbito dos “Encontros de Formação e Interação de Saberes em Agricultura Urbana”, visando a melhoria da qualidade de vida nas comunidades, com especial atenção ao tratamento adequado dos resíduos domiciliares, à promoção da segurança alimentar e ao fortalecimento comunitário.
O ação pioneira adotou como metodologia central, as atividades práticas, procurando valorizar os conhecimentos e experiências existentes na comunidade, abordando além das técnicas agroecológicas, a gestão dos resíduos orgânicos, o aproveitamento integral dos alimentos e a participação social. A ideia inicial de capacitar pelo menos 15 pessoas por turma, de forma a formar agentes multiplicadores, teve que se adequar com a situação da pandemia, modificando a metodologia previstos para os encontros presenciais que tiveram que ser interrompidos. A participação dos moradores das Comunidades do Amazonas (pertencente ao Projeto “Estratégia de Saúde da Família – ESF), com a participação de moradores das comunidades da Glória, Posse, Retiro / Morro do Alemão, Meio da Serra e Pedras Brancas, que iniciaram os encontros presenciais, foi ampliada para mais 5 comunidades (1o de Maio, Vila Rica, Sargento Boening, Bataillard e Quilombo da Tapera), e passando de 20 participantes para cerca de 40 pessoas, incluindo jovens participantes do Serviço de Convivência e Formação de Vínculos do CRAS da Comunidade do Amazonas, além de Agentes Comunitários de Saúde.
Durante os encontros presenciais foram realizadas atividades práticas de cartografia social, compostagem e plantios em pequenos espaços, sendo instalada uma unidade de cultivo em garrafas pet montadas em pallet e foi montada uma unidade de compostagem em cilindro de tela, ambos na Vila Frei David na comunidade do Amazonas. A paralisação das atividades conforme as recomendações institucionais, a Equipe envolvida com a execução dos encontros, ficou diante do desafio de realizar as adaptações necessárias para continuar a animação e sensibilização do grupo considerando a boa perspectiva e animação dos participantes e a criação de um grupo virtual no aplicativo “Whatsapp”, com o objetivo de comunicações gerais entre a Equipe e os participantes. Este grupo que inicialmente foi nomeado como “Encontros do Amazonas”, foi renomeado para “Encontros de Agricultura Urbana”, se consolidando como um canal virtual de formação de uma rede de práticas de agricultura urbana e gestão comunitária de resíduos.
Foram fomentadas por meio de doação de material a montagem de mais 7 unidades de composteira em cilindro de tela, ferramentas e mudas de hortaliças, que foram distribuídas para os participantes de cada uma das comunidades, a fim de por em práticas os saberes e conhecimentos intercambiados nos encontros e pelo Wzap.
Entre os resultados iniciais alcançados, além da quantidade e diversidade dos participantes e das comunidades, se destaca a redução de descarte inadequado de cerca 500 kg de resíduos orgânicos, que foram destinados para as composteiras comunitárias.
Por outro lado, é necessário proporcionar uma comunicação adequada dos textos produzidos com recursos audiovisuais, para os integrantes do grupo Encontros, pois se percebe através das dúvidas e comentários (ou falta deles) que a maioria dos integrantes não leem ou não entendem o que foi lido, que são agravados pelos entraves causados pela dificuldade de acesso à internet, que "ficaram (temporariamente) pelo caminho" na migração dos encontros presenciais para os encontros remotos.