Sistemas alternativos de produção familiar: manejo de açaizal em área de várzea - Abaetetuba, Pará
O senhor Agessé trabalha com a família em um lote que herdou do pai. A atividade econômica principal era o cultivo de cana-de-açúcar que era vendido para um engenho local, mas a renda familiar precisava ser complementada com o trabalho de Agessé como agente de saúde e com os filhos trabalhando como carregadores de barcos. Nos anos 70, quando Agessé herdou o lote, cinco hectares eram explorados com cana-de-açúcar e um hectare com manejo de açaizal porém, as sucessivas rotações no cultivo da cana-de-açúcar levaram ao desmatamento total do lote. Agessé e Maria, sua esposa, começaram a participar das reuniões do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Abaetetuba, da Associação de Produtores (Adema) e do Centro de Tecnologia Alternativa de Tipiti, fato que permitiu que tivessem acesso à informação, financiamento e assistência técnica. Assim, na década de 90, Agessé deu início a um sistema agroflorestal nas áreas de capoeira com o plantio de virola, angelim, paricá, pau-mulato, bacuri, mangaba e manga. Em 1997 implantou o manejo alternativo do açaizal em uma área de meio hectare. A prática de manejo alternativo do açaizal consiste em cortar os perfilhos mais velhos e menos produtivos, que são depositados na área como cobertura morta, permitindo assim diminuir o número de limpezas de quatro para duas ao ano. No período da implementação do módulo, a assistência técnica era dada pelo Centro Tipiti, dessa forma, foi possível introduzir espécies frutíferas e madeireiras como banana, jambo, limão, ingá, andiroba e pau-mulato. Em 1999, após obter financiamento pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo (Prodex) do FNO/ Banco da Amazônia, Agessé ampliou a área de manejo para três hectares e retomou o cultivo de roça, plantando meio hectare de cana-de-açúcar, arroz e milho e deu continuidade às pequenas criações, a uma pequena horta, à pesca e à coleta do camarão.