SISTEMA DE AGROFLORESTA EM PLENA PRODUÇÃO, GERANDO RENDA E QUALIDADE DE VIDA E GARANTINDO A PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS ATRAVÉS DA NA AGRICULTURA FAMILIAR PRATICADA NA COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA NO MUNICÍPIO DE VALENÇA, BAHIA, BRASIL
Manoel da Paixão Quinto de Jesus, 58 anos, agricultor familiar residente no Sítio Deus Dará, localizado na Comunidade Nova Esperança, Povoado de Quebra Machado, município de Valença-BA. Sua experiência inicia neste Sítio há aproximadamente 25 anos juntamente com a família, na época as condições financeiras e de vivência não eram favoráveis, mas ao longo dos anos a situação teve uma mudança significativa e “a vida na roça pode ser mais prazerosa” conta o Sr. Manoel.
Por se tratar de uma região de Mata Atlântica, ter chuvas bem distribuídas durante todo o ano, tudo o que se planta rende bons frutos, porém para realizar seus plantios, Sr. Manuel assim como os demais da comunidade realizou a derrubada da mata para estabelecer seus cultivos, “no início era só mandioca” diz o agricultor, com o cultivo sucessivo percebeu que o solo estava ficando pobre ao longo dos anos, necessitando colocar certa quantidade adubo na plantação para manter a produção, nesse caso, fertilizantes sintéticos comprados nas casas comerciais na sede no município, o que tornava mais caro pra produzir, não demorou muito chegar à conclusão que a conta não fechava.
Desta forma, não restava outra saída à família, a não ser buscar uma forma que não dependesse dos adubos químicos e os herbicidas que já estava também sendo aplicados na propriedade. Onde “ao invés de ajudar só piorava a situação” conta Sr. Manuel. Partindo disso e do exemplo da roça do vizinho, começou a introduzir mais cultura na mesma área, sendo que já havia plantado anteriormente o craveiro e também a cultura do coco, estes já serviam de sombra para a cultura do cacau que é exigente em sombreamento, e não ficou só por aí, plantou-se também urucum, laranja, guaraná, pimenta do reino, entre outras, formando um verdadeiro SAF – Sistema agroflorestal, chamado carinhosamente de “salada de fruta” por D. Edeide (Esposa de Sr. Manuel).
A partir de então, a área de cerca de 5 ha iniciou-se um processo de transformação, pouco a pouco a cobertura do solo foi se reconstituindo resultando numa vegetação parecida com a floresta natural, o adubo orgânico produzido na propriedade através de cascas proveniente da raspagem de mandioca, restos de arvores, palhada de urucum e esterco em alguns vezes comprados de fora da propriedade forma um composto orgânico que dá mais vida as plantas, além disso a cultura do cacau mais que as outras cultura tem algo interessante, que é o “bate folha” que nada mais é que o deposito de folhagem no solo produzindo uma espécie de serapilheira formando uma camada espessa impedindo e/ou reduzindo aparecimento de plantas espontâneas, e ainda quando decomposta serve para nutrir as plantas.
Além da área de SAF equivalente a 3 ha, existe também um restante que compreende aproximadamente 2 ha que constitui as nascentes e áreas de encosta, embora fora desmatada para dá lugar a pastejo de animal, hoje já tomada quase que sua totalidade de vegetação nativa original. Desta forma, se tornou a área de proteção ambiental, evitando erosão e preservando os recursos hídrico, comprovado na fala do Agricultor Familiar Sr. Manoel de Jesus “aqui temos água de inverno a verão, o ano todo, nunca falta água”.
Tem começado um Trabalho de ATER realizado pela Unissol (Ong que atende pela chamada de ATER no município), porém não há resultados até o momento por conta do trabalho ainda está sendo iniciado. Entretanto a Secretária de Agricultura realiza algumas ações timidamente.