Sistema de Abastecimento Alimentar Popular


O atual Sistema de Abastecimento Alimentar Popular (SAAP) iniciou-se como processo embrionário na cidade do Rio de Janeiro em novembro de 2013 com a Barraca Camponesa, uma feira de alimentos agroecológicos vindos da Região Serrana do Estado, especificamente da cidade de Teresópolis que eram comercializados no Campus Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A feira era fruto do estágio curricular obrigatório em Serviço Social de educandos dos movimentos sociais da turma especial para beneficiários da reforma agrária com recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Em setembro de 2015 acontece a primeira entrega da Cesta Camponesa de alimentos saudáveis, que se agrega à feira como outro instrumento de comercialização que viria a se constituir como um salto na organização do Sistema de Distribuição. Já com a cesta, o primeiro movimento realizado foi circular os alimentos de camponeses da baixada fluminense e dos estados do Espirito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul, para a capital do Estado. As cestas também eram entregues no Campus Praia Vermelha, o processo surge como uma iniciativa do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) em parceria com o Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão Questão Agrária em Debate “Qade”, da Escola de Serviço Social da referida universidade, que acompanha o projeto desde o início via extensão universitária.  
Trata-se de uma experiência de construção de circuito curto de consumo, que projeta no tempo os demais vetores do abastecimento alimentar. Nessa dialética entre produção-consumo de alimentos, que passa inevitavelmente pela circulação, os objetivos eram 1) produzir alimentos saudáveis de forma agroecológica e assim preservar sementes, solos, águas e conhecimento produtivo; 2) organizar os camponeses politicamente para lutar por direitos sociais, políticos, econômicos; 3) eliminar a exploração do trabalho na produção, organizando os camponeses para superar a lógica do modo de produção capitalista e fortalecer o modo de produção camponês; 4) proporcionar aos trabalhadores na cidade condições de consumir alimentos oriundos diretamente do campesinato, eliminando o atravessador e reduzindo o valor final dos produtos nas mesas dos trabalhadores; 5) ampliar a retribuição financeira aos camponeses por seu trabalho, garantindo a distribuição dos alimentos produzidos no campo; 6) consolidar a consciência do significado estratégico, político e econômico da produção de alimentos feita pelo camponeses.    
De 2015 para cá o sistema cresceu, se desenvolveu e se solidificou, especialmente após a criação do Raízes do Brasil em 2017, casa do MPA no Rio de Janeiro e entreposto para o sistema de abastecimento. No início de 2020 contávamos com 7 feiras, 3 universitárias (UFRJ, Fiocruz e Unirio), com periodicidade quinzenal. O espaço do Raízes contava com 2 feiras às terças à noite e aos sábados pela manhã, e tínhamos também 2 feiras nos bairros, uma em Botafogo e outra em Laranjeiras, essas 4 feiras tinham frequência semanal. As cestas comercializadas em 2018 chegaram a 502 e em 2019 a 492. Ao final de 2019 as entregas eram feitas em 12 Núcleos de consumo nas Cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, contava com 1500 pessoas cadastradas para compra. Ao todo 55 famílias camponesas participavam do processo e cerca de 500 produtos entre alimentos in natura, minimamente processados e produtos de higiene e limpeza eram comercializados. Desde 2017 fazíamos quentinhas para a população em situação de rua, cerca de 250 quentinhas em cada ação realizada.

Anexos

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