Seu Pequeno; da resistência a sabedoria para convivência com o semiárido.
Conviver no Semiárido brasileiro além de dificultoso merece inteligência, muito força de vontade e fé. É assim que o agricultor familiar José Rivaldo de Aguiar, escreve sua historia junto com sua esposa, Dona Maria Oziete Cordeiro de Aguiar, e seus filhos Adriano, Damião Leonardo, Cosme Leandro, Pedro, Wando, Advana, Susana e Patrícia. Desde o ano de 2006 Seu Pequeno, como é conhecido na região, mora no Assentamento Queimadas localizado no município de Remígio. Assim que ganhou o lote procurou participar dos espaços oferecidos pelas instituições que trabalham com as técnicas de convivência com o Semi árido e aproveita-las para o armazenamento de água e alimentação animal. Para isso introduziu no seu roçado culturas adequadas ao clima e com variada diversidade. No processo de criação animal foi o pioneiro no assentamento a aceitar novas ideias e experiências para o convívio no semiárido. E assim o agricultor ganhou destaque e hoje é um multiplicador de experiência de convivência no semiárido de maneira viável e agroecológica em toda região.
O lote de Seu Pequeno oferece uma diversificação de plantas e tecnologias que lhe dar condições de passar o ano inteiro, mesmo no período de seca, abastecido de alimentos e forragem. Na sua plantação utiliza além do milho e feijão outras culturas como o algodão que permite uma renda a mais para família no final da colheita. Para ele o plantio de algodão agroecológico é sua grande riqueza por permitir a sua participação em visitas de intercâmbios e no acompanhamento que lhe foi dado pela EMBRAPA Algodão e Arribaçã, instituições que desenvolvem ações voltadas para agroecologia no assentamento. Toda sua produção é realizada de forma a oferecer sustentabilidade para a sua família. Como exemplo se tem o carroço do algodão que retorna para os seus animais após o beneficiamento e comercialização da pluma para empresas que compram o seu produto por um preço justo e rentável.
Seu Pequeno não foge de trabalho e ocupa todo o seu tempo atividades de fortalecimento do seu lote. Com esforço e dedicação construiu um barreiro com trabalho braçal da família e a ajuda de seus burros no transporte da terra e depois amentou esse reservatório passando a ser uma barragem que suporta as necessidades de sua propriedade nos anos mais críticos de estiagem. Também possui cisternas de oitão e calçadão obtidas com o apoio do Polo Sindical da Borborema e AS-PTA, instituições as quais ele também faz parte e tira novos conhecimentos. Para melhorar ainda mais sua vida foi um dos primeiros no assentamento a construir uma Barragem Subterrânea que hoje é seu orgulho, onde realiza o cultivo de frutas e capim para alimentação animal. A partir dai confecciona a forragem e estoca através dos silos, alternativa de convivência com a seca. Outro suporte forragem que seu Pequeno utiliza em sua propriedade é o plantio de culturas como Palma Forrageira, Gliricídia.
Além de utilizar todas as tecnologias de convivência com Semiárido seu Pequeno se preocupa com o meio ambiente e faz uso da agroecologia como base na sua propriedade. Através da produção de algodão agroecológico certifica a seus produtos como orgânicos e junto aos outros produtores do assentamento estar formando uma associação que possui um Organismo Participativo de Aceitação e Conformidade – OPAC. Dessa forma visa à valorização de mercado tendo como principio a preservação ambiental. Sem usar veneno e com uma produção diversificada, seu Pequeno cuida e utiliza o seu lote de forma consciente. A cada dia se destaca, sendo conhecido por sua forma de trabalho, apresentando em vários lugares sua propriedade como uma unidade de experiência de convivência com o semiárido e de praticas agroecologias. Sua experiência vem recebendo visitas de outros agricultores de diversos lugares e ele já recebeu vários prêmios que ressaltam seu esforço e reconhecimento com o seu jeito agroecológico de viver.