Seu Adroaldo e os ambientes para a vida
Em frente à casa de Seu Adroaldo e Dona Santa encontra-se um pequeno silo que Seu Adroaldo pouco utiliza. Atrás do galpão estão a pequena casinha de defumação de carnes ou secagem de ervas, a roça de cerca de um hectare e o viveiro “Bacupari”. Local onde a partir de alguns encontros, ações de viveirismo e trabalhos conjuntos, emerge a reflexão sobre os ambientes para a vida inventados e criados por Seu Adroaldo. A invenção da agrobiodiversidade quilombola, neste espaço-tempo fenomênico, instaura-se na produção de árvores, elementos fundamentais na constituição dos pomares, revessas, hortos, cercas, madeiras, etc. Instaura-se em distintas eclosões de plantas lenhosas multifuncionais cujas funções estão entre as mais importantes na instalação, recuperação ou restauração dos mais variados ecossistemas. Árvores e humanos parecem serem irmãos evolutivos, só que um planta, outro animal. E entre eles, em termos de uma antropologia simétrica entre humanos e não-humanos, inevitavelmente residem diversas mitologias, testemunhadas por distintos povos do planeta. Quem nunca ouviu alguma história de fundação do mundo a partir de uma árvore? Ou histórias sobre árvores com espírito?, etc.? Produzir espécies arbóreas em projetos de sustentabilidade , produz muitas outras coisas mais: a invenção do quilombo agroflorestal. Uma chácara que possui um viveiro com foco em produção diversificada de mudas numa região absolutamente tomada pela produção de arroz ou pinus ellioti; que produz ambientes para a vida.
Por outra perspectiva, nas imediações do viveiro Bacupari, nota-se à volta a interessante e bela roça que cultivam na chácara. Com uma rica variedade, Seu Adroaldo e Dona Santa plantam ali também um “pouco de tudo”: milhos, feijões, melancias, abóboras, melões, aipins, ervas medicinais, hortaliças e hibisco.Que também estruturam ambientes para a vida...