Semeio abafado
No município de Mogeiro (PB), agricultores(as) familiares da comunidade do Sítio cabral se organizaram coletivamente para realizar o semeio abafado, contanto com o apoio do PATAC (Programa de Aplicação de Tecnologias Apropriadas às Comunidades). Tudo começou quando o agricultor Horácio Vicente Gonçalves decidiu plantar no roçado milho, fava, feijão preto e mulatinho. Depois da lavoura ter nascido, seu Horácio adoeceu e não pôde cuidar do roçado, abandonando-o por um bom termpo. Um mês depois de se recuperar, o agricultor foi visitar o roçado e ficou surpreso com a grande quantidade de mato. Como já estava no meio do inverno, seu Horácio pensou: vou jogar feijão mulatinho neste mato e fazer uma cama. Assim o fez. Nessa época choveu bastante e o feijão cresceu bonito e sadio, floresceu e garantiu um bom lucro para família. A experiência foi então compartilhada com seus vizinhos, que começaram a fazer uso dessa prática. Dessa forma têm obtido boas colheitas, garantindo assim lucros significativos para suas famílias. A prática do semeio abafado tem sido vivenciada por agricultores familiares em diversos estados do Nordeste, permitindo com isso a realização de duas colheitas num mesmo ano. Segundo José Januário da Silva, vizinho de seu Horácio, a produção da Comunidade Sobral triplicou, garantindo estoque de feijão para comer e comercializar. Residente no sítio cabral desde que nasceu, seu José planta em sua propriedade de 17 hectares, mandioca e inhame, além de criar bois e vacas. Além disso, pratica o semeio abafado desde 1985. O PATAC, ao tomar conhecimento da experiência, contribuiu com o processo de sistematização em boletins informativos, agindo em parceria com os agricultores e agricultoras familiares. Dessa forma, foi possível divulgar a técnica para um número ainda maior de produtores da região.