Recuperação de saberes e práticas populares em saúde com uso de plantas medicinais

A experiência contou inicialmente com rodas de conversa com integrantes da Associação Comunitária para escolha de uma temática de pesquisa a partir da demanda de um projeto de tese da Universidade Federal do Ceará. Partindo-se de uma proposta metodológica em pesquisa participante, membros locais consideraram necessário criar um grupo com pessoas interessadas na temática "Recuperação de Saberes Populares sobre o Uso de Plantas Medicinais Locais". Assim, o Coletivo de Pesquisa Bem Viver da comunidade rural Lagoa dos Cavalos foi constituído em 2017. Um conjunto de metodologias foi utilizado a partir das problemáticas identificadas e interesses apresentados ao longo da pesquisa. Inicialmente construímos um questionário a ser realizado com 24 mulheres-guardiãs dos saberes das plantas. O grupo de pesquisadores se dividiu para coleta das informações com uso de metodologias advindas da etnobotânica. A doutoranda era responsável pela sistematização dos materiais de coleta, porém buscávamos que a participação fosse horizontal e dialógica. Posteriormente à construção do inventário de saberes, realizamos caminhadas transversais junto a agricultores-guardiões dos saberes da mata nativa para encontrar espécies previamente identificadas pelas mulheres, coleta e identificação científica em Herbário da UFC. Um conjunto de técnicas da etnobotânica foram aplicadas desde a coleta à identificação. Esta pesquisa levou à necessidade de produção de uma cartilha de plantas locais para disseminação de saberes na região. A partir dessa experiência de sensibização-pesquisa-ação as famílias passaram a produzir, consumir e valorizar a medicina popular, reduzindo o uso intensivo de remédios alopáticos, assim como criado alternativas de trocas, como feiras de trocas de mudas e sementes. Metodologias como intercâmbio em quintais produtivos do entorno e rodas de conversa com feirantes da cidade de Russas também compuseram o leque de ferramentas metodológicas. Atualmente, o Coletivo tem se fortalecido e buscado alternativas locais para aprofundamento do campo de saberes e práticas de saúde do campo, com ênfase à dimensão do conhecimento, construindo projetos e participando de editais para promoção da saúde e da agroecologia. Esta experiência nos ensina como uma pesquisa engajada socialmente e em diálogo horizontal com a comunidade tem contribuído com a criação de alternativas agroecológicas, recuperação da autoestima de lideranças, fortalecimento das relações de convivência em harmonia com a natureza e ressignificação das perdas territoriais e violência psicológica desde o conflito socioambiental instaurado em 2008 e que até hoje um conjunto de direitos humanos fundamentais são violados pelos órgãos públicos. A experiência tem contribuído com a renda local a partir de projeto aprovado de ação emergencial em tempos de pandemia. Este projeto aprovado tem favorecido os agricultores locais a produzirem alimentos para compor cestas básicas, favorecendo diretamente com a economia local e com a segurança alimentar de famílias em vulnerabilidade social. Acreditamos que os caminhos até agora têm mostrado que as plantas não apenas têm componentes bioativos, mas têm contribuído fortemente com a reparação socioambiental comunitária.

Tipo de modeloorganizacao

1. Identificação

Nome da organização que está registrando a experiênciaColetivo de Pesquisa Bem Viver

2. Duração da experiência

Essa é uma experiência criada em resposta aos efeitos da crise sanitária decorrente da pandemia do Coronavírus (Covid-19)? Em parte, a experiência já acontecia mas houve ajustes devido à pandemia

3. Identificação do tipo experiência

Selecione o tipo de experiênciaCuidado em saúde

4. Sujeitos

Você considera que a experiência tem uma atuação em Rede? Não

Qual(is) a(s) identidade(s) do(s) grupo(s) social(is) e coletivo(s) que participa(m) da construção desta experiência?Caatingueiros

Sexo - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiência

  • Masculino
  • Feminino

Se há um sexo com maior participação, indique Feminino

Faixa etária - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiência

  • De 15 a 29 anos
  • De 30 a 60 anos

Se há uma faixa etária com maior participação, indiqueDe 30 a 60 anos

7. Práticas em saúde e agroecologia

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) Plantas medicinais e fitoterapia

Práticas Populares e Tradicionais de Cuidado em Saúde ou Saúde Popular Outra

Qual outra?Recuperação e preservação da memória biocultural dos saberes populares com uso de plantas medicinais

Esta prática é considerada uma tecnologia social pelos protagonistas da experiência? Sim

O que estimula a adoção dessa(s) prática(s)?Ancestralidade/trajetória de vida/memória afetiva

9. Resistências e ameaças

Algo ameaça esta experiência?

  • Agrotóxico
  • Transgênico
  • Contaminação/poluição ambiental
  • Disputa territorial ou dificuldade de acesso ao território
  • Outra
  • Sucessão geracional frágil ou inexistente

Qual outra?Governo Federal (DNOCS); Cultura da biomedicina hospitalocêntrica

Há conflito(s) ambiental(is) no(s) território(s) onde essa experiência acontece?Sim

Indique o(s) município(s) e respectiva(s) Unidade(s) Federativa(s) onde acontece o conflitoMinicípio Russas, Ceará

Grupo(s) social(is) atingido(s) pelo conflito ambientalAgricultor(a) familiar

Atividade(s) geradora(s) do conflito

  • Atuação de entidades governamentais
  • Agrotóxicos
  • Perímetros irrigados
  • Extrativismo predatório
  • Monoculturas
  • Transgênicos
  • Atuação do Judiciário e/ou do Ministério Público

Impactos Socioambientais da(s) atividade(s)

  • Poluição de recurso hídrico
  • Poluição do solo
  • Precarização/riscos no ambiente de trabalho
  • Alteração no ciclo reprodutivo da fauna
  • Alteração no regime tradicional de uso e ocupação do território
  • Assoreamento de recurso hídrico
  • Contaminação ou intoxicação por substâncias nocivas
  • Desertificação
  • Desmatamento
  • Exploração no trabalho
  • Erosão do solo
  • Falta/irregularidade na autorização ou licenciamento ambiental
  • Falta/irregularidade na demarcação de território tradicional
  • Falta de saneamento básico
  • Invasão/dano a área protegida ou unidade de conservação
  • Mudanças climáticas
  • Poluição atmosférica

Possíveis danos à saúde decorrentes da atividade e/ou do conflito

  • Doenças transmissíveis
  • Alcoolismo e/ou uso problemático de outras drogas
  • Acidentes
  • Doenças não transmissíveis ou crônicas
  • Piora na qualidade de vida
  • Violência psicológica/assédio
  • Insegurança alimentar e nutricional
  • Doenças respiratórias
  • Contaminação ou intoxicação por agrotóxicos
  • Contaminação química
  • Falta de atendimento médico
  • Obesidade

A experiência aqui cadastrada está envolvida nesse(s) conflito(s) ambiental(is)? Sim, a experiência contribui para o enfrentamento do conflito

11. Estratégias de Comunicação e Anexos

Que tipo(s) de ferramenta(s) utiliza para divulgar a experiência e se comunicar com os envolvidos?

  • Facebook/Messenger
  • Whatsapp/Telegram

12. Redes em saúde e agroecologia

De que forma sua organização poderia colaborar na criação e/ou fortalecimento dessas redes?Solidariedade entre povos e populações tradicionais; Publicização ampliada da sistematização da pesquisa do Coletivo de Pesquisa Bem Viver sobre uso de plantas medicinais " Plantas Medicinais, Conhecimentos Populares em Saúde e Luta por Terra: Uma cartilha em defesa da vida"; Socialização de experiências metodológicas que contribuíram com a recuperação da memória biocultural;

Anexos

Oficinas de pesquisa

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Tamanho: 203979 bytes

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