Projeto InterAgindo: interfaces entre os atores do meio rural na construção do conhecimento agroecológico no Estado do Amapá

As transformações ocasionadas pelo sistema da agricultura dominante nos tempos atuais é certamente um sucesso de desenvolvimento e de produção de alimentos em larga escala. Porém, em contrapartida, essa eficiência tem ocasionado impactos desastrosos ao meio onde está inserida, aos produtores que em contato com ela trabalham e aos consumidores que a usufruem. Contaminação dos recursos naturais, desmatamento em larga escala, enfermidades atingindo os produtores rurais pela aplicação de agroquímicos, e consequências manifestadas na saúde dos consumidores são alguns destes impactos oriundos dos sistemas convencionais. Analogicamente a estas consequências está em curso um intenso debate sobre a Agroecologia como um novo foco das necessidades humanas, qual seja, de orientar a agricultura à sustentabilidade no seu sentido multidimensional. Como ciência emergente, a Agroecologia busca reunir, organizar e colocar em prática as contribuições de diversas ciências naturais e sociais dentro de uma lógica transdisciplinar integrada e mais abrangente. Neste sentido, ela se concretiza quando, simultaneamente, cumpre com os ditames da sustentabilidade econômica através do potencial de renda e trabalho e ao acesso ao mercado; ecológica, por meio da melhoria da qualidade dos recursos naturais e das relações ecológicas de cada ecossistema; social, visando a inclusão das populações mais pobres e da segurança alimentar; cultural, pelo respeito às culturas tradicionais; política, com o empoderamento das comunidades, organização para a mudança e participação nas decisões; e ética, com os valores morais transcendentes. Assim, dentro deste projeto, a Agroecologia é o fundamento metodológico para promover a transferência de tecnologias agroecológicas no Estado do Amapá adotando estratégias de comunicação que dinamizem as interfaces entre os agricultores familiares, pesquisa & desenvolvimento e ATER, para meios mais sustentáveis, visando a qualidade de vida dos agricultores familiares e a conservação dos recursos naturais. Os resultados devem apresentar um mapeamento dos tipos de agricultura familiar e de grupos de experiências agroecológicas, para um maior alcance das políticas públicas para o desenvolvimento rural agroecológico; também visa validar alternativas de técnicas agroecológicas melhoradas e socializadas pelos atores rurais, através da construção de um arranjo institucional voltado a produtos agroecológicos com maior capacidade de geração de renda. Finalmente, prevê o fortalecimento de redes nos territórios para promover a Agroecologia e o empoderamento dos atores do campo. Com esses resultados concretizados, busca-se o fortalecimento de atores inseridos na ideologia e prática agroecológica, capazes de fortalecer os núcleos existentes, abrir as perspectivas de atuação e empoderar os/as agricultores/as familiares com a co-evolução do ambiente natural e dos grupos sociais que nela intervêm desde uma perspectiva histórica, para manter ou recuperar o agroecossitema em questão focado na qualidade de vida humana.