PROJETO DE FORMAÇÃO DE NÍVEL MÉDIO E TÉCNICO-PROFISSIONAL PARA JOVENS AGRICULTORES (AS) FAMILIARES ASSENTADOS (AS) NO SUL E SUDESTE DO PARÁ (2ª TURMA)

O objetivo geral do Projeto de Formação de Nível Médio e Técnico-Profissional para jovens agricultores(as) familiares assentados(as) no sul e sudeste do Pará (2ª Turma) – EMEP II - é proporcionar uma educação que valoriza o significado de ser camponês e prepare os jovens agricultores familiares para serem agentes de desenvolvimento sócio-economicamente sustentável do meio rural. Esse projeto iniciou com 82 jovens e finalizou com cinqüenta e seis jovens agricultores-familiares, provenientes de quarenta e nove assentamentos, numa abrangência de 16 (dezesseis) municípios do Sul e Sudeste do Pará. O percurso formativo do EMEP foi organizado em três ciclos complementares. O primeiro ciclo (um ano) tem como foco a elaboração de diagnóstico sócio-ambiental do lote familiar, visando a análise das características do cotidiano da agricultura familiar na região e o aprendizado de conhecimentos e ferramentas utilizadas na construção de diagnósticos da realidade. O segundo ciclo (um ano e meio) tem como foco a construção de projeto de intervenção técnica no lote, visando o desenvolvimento de propostas de gestão, manejo e sustentabilidade das atividades da agricultura familiar. Por fim, o terceiro ciclo (seis meses) tem como foco os assentamentos como comunidades produtivas e o papel da Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES) como mediadora no desenvolvimento da agricultura familiar na região. No decorrer do desenvolvimento do projeto o 2º Ciclo além de ter como foco o Projeto de Intervenção Técnica no Lote passou a ter como problemática/eixo das atividades educativas o projeto de pesquisa-formação-desenvolvimento: “Uso sustentável do solo e da água em áreas de Projetos de Assentamentos no Sul e Sudeste do Pará” (Diagnostico – Formação – Intervenção). Esse projeto foi desenvolvido em parceria com o Colegiado de Ciências Agrárias da UFPA/Campus do Sul e Sudeste do Pará. O processo de formação realizado através do EMEP referencia-se na pesquisa-ação, contextualizada nos princípios da Pedagogia da Alternância que defende que (1) o processo de escolarização se faça pela tomada, resgate e estudo dos elementos que compõem as histórias, saberes, valores, costumes e práticas produtivas da família e da comunidade (realidade como objeto de estudo e fonte de conhecimentos), (2) buscando fomentar a análise e compreensão crítica sobre as características sócio-culturais que marcam a existência coletiva e individual dos sujeitos da agricultura familiar e sobre o ambiente em que vivem (a pesquisa como prática educativa e os educandos como produtores de conhecimento), (3) de maneira que, partindo da reflexão sobre os fatores que condicionam a inserção dos sujeitos na dinâmica social estabelecida e que determinam as formas de produção-reprodução da existência individual e coletiva neste contexto, se construa um exercício teórico-prático que proponha ações que auxiliem na superação de tais fatores, garantindo aos agricultores familiares a possibilidade de constituição de melhores condições de vida, individual e coletiva (a educação para transformação social) (Cf. Plano de Curso do EMEP). Baseado na conclusão que quase a totalidade dos lotes dos educandos apresentavam problemas de degradação dos solos, foi proposto um experimento que visava testar técnicas de recuperação dos solos. Assim implantou-se, na área experimental da EFA (Projeto de Produção Agroecológica - PPA), um SAF com mudas de espécies arbóreas nativas e na entre linha foi plantado milho e feijão, que tinha 30 m x 60 m. Foram feitos cinco tratamentos: adubo verde; esterco; carvão; adubo verde+esterco+carvão e a testemunha, que tiveram três repetições. Também durante a discussão sobre o projeto de Melhoria do Lote dos educandos foi proposto aos jovens que eles fizessem em seus lotes um experimento de recuperação dos solos, utilizando Adubo Verde, com isto, todos os jovens prepararam uma área de 25m x 25m e plantaram principalmente feijão-guandu. Apesar das dificuldades de manutenção desses experimentos e consequentemente da dificuldade de obter dados precisos sobre as relações ambientais e seus efeitos sobre o desenvolvimento do sistema, pode-se dizer que os experimentos, tanto na EFA quanto nos lotes dos educandos, por meio do seu inegável efeito demonstrativo, (i) propiciaram aprendizados técnicos sobre os efeitos da adubação verde na estrutura, fertilidade e recuperação dos solos; (ii) promoveram resignificação sobre o feijão guandu que antes era conhecido apenas como produto para alimentação humana, e os educandos e seus familiares puderam comprovar suas qualidades como planta adubadora e como forrageira, servindo para alimentação das criações; (iii) propiciaram a discussão sobre formas alternativas de manejo dos recursos naturais e possibilidades reais de atividades que ao mesmo tempo que produzem alimentos são menos impactantes para o meio ambiente; (iv) multiplicação de experiências com técnicas alternativas de manejo agropecuário. A partir dessas experiências foi elaborada junto com os educandos uma “cartilha” sobre Recuperação de solos degradados, que está em fase de finalização.