Práticas agroflorestais como promotores de desenvolvimento local das comunidades rurais no município de Paraty /RJ

Recentemente, desde o final da década de 90, iniciaram-se algumas atividades para reduzir os aspectos negativos do turismo e da exclusão social sobre comunidades rurais de Paraty localizadas no entorno de unidades de conservação, principalmente sobre a agricultura local. Assim, várias atividades foram desenvolvidas para resgatar e valorizar o conhecimento local no desenvolvimento da agricultura. A partir do ano de 2000 foram desenvolvidas trocas de experiências e capacitações entre agricultores locais dando ênfase a prática agroflorestal seguindo o “sistema agroflorestal regenerativo sucessional”, procurando difundir práticas de melhoramento da fertilidade e de conservação do solo com uso de adubação verde (feijão-guandu; mucuna-preta; crotalária e feijão-de-porco); reduzir a pressão de exploração sobre o palmito nativo, através da difusão do plantio do palmito pupunha e plantar espécies florestais de uso múltiplo. Cerca de dez agricultores praticavam a agrofloresta reunindo-se em mutirões de plantio uma vez por semana, sendo assessorado por técnicos e grupos de estudantes da UFRRJ. Em 2003 foram implantados de sistemas agroflorestais experimentais nas propriedades de 6 agricultores familiares procurando ampliar a interação entre e técnicos e o agricultor na geração de conhecimento científico e popular. Os principais resultados desta iniciativa mostram que os agricultores que praticam a agrofloresta acreditam nela como sistema de produção e de recuperação da fertilidade do solo e que é possível a produção e comercialização de alimentos escalonada com consorciamento de adubos verdes melhorando a cobertura e a fertilidade do solo e o aproveitamento das espécies arbóreas inclusive para a produção de artesanato comunitário. Alguns dos “agricultores agroflorestais” passaram a receber visitas de turistas para conhecer a sua forma de agricultura em harmonia com o meio ambiente tornando-se referências municipais. A prática agroflorestal favoreceu o surgimento de interação entre agricultores de diferentes comunidades e de agricultores com técnicos e estudantes, servindo assim para a troca de saberes e construção coletiva de conhecimento.