O Sitio Agroecológico de Dona Amara: Lá se produz todos os seus produtos sem agrotóxicos

Dona Amara Maria Silva Barreto e Seu João Gomes Nunes chegaram a sua propriedade em 01 de fevereiro de 1984, no Engenho Riachuelo, em Palmares - Pernambuco, junto com seis filhos. Nada trouxeram também nada encontraram. Não tinham nem onde morar. No local só existia mato e cana-de-açúcar. Aos poucos a família começou a plantar mandioca, banana, cara lambu, jerimum, milho, batata, macaxeira, e a criar animais como cabra, ovelha e galinhas. Dos seis filhos do casal, apenas um reside na propriedade, dois deles mudaram para Santa Catarina e uma para São Paulo, na esperança de melhores condições de vida. Para os Jovens na Zona da Mata de Pernambuco, essa é uma triste realidade que se repete, pela ausência de maiores investimentos, de valorização da agricultura familiar e políticas para a juventude rural. No ano 2000, através da assessoria da FASE, começaram a ter uma visão voltada para a agricultura agroecológica. Essa ação, que sempre prezou pela saúde das famílias, resultou numa importante conquista para D. Amara: “esse trabalho me reconheceu como agricultora, porque até então eu não era conhecida como agricultora e sim como dona de casa”. Naquela ocasião, através de um projeto para mulheres D. Amara optou pela criação de peixes, e dos 18 alevinos que recebeu no começo, multiplicou para mais 132 pessoas da comunidade e de outros engenhos. Dona Amara diz que se sente feliz e realizada como agricultora, e que tem prosperado bastante. No começo foi difícil, pois seu esposo não queria deixar de plantar cana, mas logo após ter participado do II Encontro Nacional de Agroecologia - ENA, em 2006, ele ficou motivado e começou a produzir e comercializar os alimentos agroecológicos. Com a participação nas reuniões e intercâmbios de experiências assessorados pela FASE e pelo Centro Sabiá, a família foi despertando para a importância da agroecologia: “nas visitas de intercâmbio que participamos, eu e meu marido vimos que produzir de tudo um pouco, mas com qualidade e vida é muito melhor que produzir muito e sem qualidade e ainda trazendo prejuízo para o meio ambiente”. Aos poucos a família foi trabalhando seu sistema agroflorestal e percebendo as conquistas dessa mudança: “Antes da agrofloresta a gente plantava naquela terra ali, já no ano seguinte não plantava mais porque a terra estava devastada. Com a agrofloresta a gente aprende a ver, comer, viver, dormir, participar e reconhecer o seu próximo feliz. Se a gente é feliz, a gente passa essa felicidade para os outros”. Hoje a família de D. Amara produz de um tudo, diversas frutas, galinhas, peixes. Só de abelha a família cuida de 35 cortiços. A gestão disso tudo é partilhada pelo casal: “Em casa não tem isso de tomar decisão só não, todas as decisões são tomadas por nos dois. Sentamos e olhamos o que será melhor para a nossa família” A família comercializa seus produtos agroecológicos na feira tradicional de Palmares. Porém enfrenta problemas para o escoamento da produção, principalmente pela má qualidade das estradas, e quando chove a situação se agrava. Os produtos são conduzidos no lombo dos animais até a pista onde passa o carro para transportar os produtos para a feira. Quanto ao acesso às políticas públicas, a família acessou apenas o Pronaf, no ano de 1997. E através desse crédito, a família investiu na produção de suínos. D. Amara tem uma participação política ativa nos espaços locais. Faz parte da Rede de Agroecologia da Mata Atlântica – Rama, e é a atual vice-presidente da Associação dos Agricultores do Engenho Riachuelo. Ela avalia que a Rama é um espaço muito bom as famílias agricultoras, pois possibilita trocar idéias, comprar ou ganhar novas sementes e mudas, intercambiar e conhecer outras propriedades de agricultores e agricultoras que estão trabalhando com a agroecologia a mais tempo, além de contribuir para uma preparação política e discussão com outras pessoas. Como diz D. Amara: “A agrofloresta é a melhor riqueza. A gente ta salvando nosso planeta, nossa vida, nossa saúde. Está trabalhando o bem da natureza”.

Anexos

Anexo 1

Anexo 1

Dimensões: 1280px x 960px

Anexo 2

Anexo 2

Dimensões: 1280px x 960px