O manejo ecológico do solo e a conquista da liberdade: a experiência da família de Chico Bezerra e Isabel
Chico Bezerra é casado com dona Isabel e tiveram seis filhos, todos agricultores. A família morou e trabalhou por muitos anos em terras alheias, pagando meia e sem direito à forragem. Em 1994, conseguiram comprar a própria terra, mas a qualidade do solo era péssima, o que dificultava bastante o cultivo. Dez anos depois, o CEPAC e o STR de Sigefredo Pacheco relizaram um Diagnóstico Rápido Participativo de Agroecossistemas (DRPA) no município. A família conheceu novas plantas e sementes, como guandu, leucena e mucuna preta, passando a utilizá-las como cobertura orgânica. A qualidade do solo na propriedade melhorou bastante, assim como a produtividade: entre 1995 e 1997 a produção aumentou de 25 litros de milho e feijão para 2000 litros de milho e 480 litros de feijão em um hectare. Isso permitiu que a família plantasse somente em suas terras e produzisse o próprio sustento. Foram incorporando técnicas mais eficientes, o que proporcionou melhores colheitas. Aboliram a queimada e o uso de veneno; passaram a utilizar curvas de nível, compostos orgânicos e repelentes naturais, além de fazer reflorestamento de áreas desmatadas. Em 2001, a produção consorciada chegou a 4000 litros de milho e 960 litros de feijão por hectare; seu Chico usa somente sementes crioulas e mantém um banco de sementes com mais quatro famílias da região. Além de cultivar, ele cria ovelhas, galinhas e abelhas, participa da construção de cisternas de placas e também divulga as experiências na comunidade. Com a utilização da cobertura orgânica, os vizinhos estão diminuindo as queimadas, a incidência de insetos nas roças e o uso de veneno, aproveitando melhor os recursos naturais.