Manejo de caatinga: o conhecimento local a serviço da vida
João e Marina vivem na comunidade de Pitombas em Campo Alegre, sertão da Bahia. Eles são sócios da Associação de Fundo de Pasto e trabalham com cultivo de feijão, milho e pastagem de capim carrapicho. Criam também cabras e ovelhas que são a principal fonte de renda da família. Depois de assistir a palestra de seu Eliseu, João iniciou o experimento de manejo com mais seis famílias. A experiência de João consiste em fazer pastagem sem queimar e cortar árvores. Os agricultores cortam baixo algumas árvores como a jurema, mororó e quebra-facão. Essas plantas rebrotam do tronco e ficam com folhas verdes por mais tempo e ao alcance das cabras e ovelhas. Outras plantas como aroeira, angico-de-bezerro e o pau-de-rato continuam em pé, que é para soltar as folhas, flores, frutos e vagens para a criação durante a seca. Nos claros que se abrem na caatinga manejada nascem muitas plantas pequenas como feijão brabo, jitirana, coça-coça e outras. Na área do experimento João colocou oito ovelhas, dois bodes e algumas crias durante dezesseis dias. Depois, retirou os animais quando o capim já estava quase todo comido e as outras plantas ainda estavam com quase metade do seu tamanho. Também notou a diferença entre as plantas que estão no sol e as que estão na sombra, que tem mais chances de criar. No período da seca, pode colocar os animais para aproveitarem as folhas que caem das árvores, como a aroeira. Os animais não matam as plantas nem comem a casca da aroeira.