Licenciatura Plena em Educação do Campo
O Curso de Licenciatura Plena em Educação do campo do Campus Rural da Marabá (CRMB-IFPA) surge a partir da proposta do PROCAMPO . O curso teve início em 2009, com 60 educandos/educandas, com seguinte perfil: 20-29 anos (48,3%); 30-39 anos (40%); 40-49 anos (8,3%); 50-54 anos (3,3%). Quanto a formação: 65% cursaram magistério; 32% cursaram o ensino médio normal; 3% cursaram técnico agrícola e agropecuária, com habilitação em zootecnia e em agroecologia. Destes, 51 são educadores/educadoras do campo, dos municípios: Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, São João do Araguaia, Brejo Grande do Araguaia, Eldorado do Carajás, Bom Jesus do Tocantins, Parauapebas e Piçarra.
O curso funciona a partir da alternância pedagógica, ou seja, Tempo Acadêmico (momento da aula presencial) e o Tempo Comunidade (momento de continuidade dos estudos com a realização de pesquisa e projetos de intervenção nos locais de atuação, nas escolas e nas comunidade do campo). A turma já vivenciou 03 Tempos Acadêmicos e 02 Tempo Comunidades. Atualmente vivenciam o 03 Tempo Comunidade.
Os tempo de estudos, pesquisas e vivências pedagógicas se desenvolvem a partir dos eixos aglutinadores. No primeiro Tempo Acadêmico: História de vida e construção de saberes. Segundo Tempo Acadêmico: Espaço sócio-ambiental e sustentabilidade no campo. Terceiro Tempo Acadêmico; Sistemas de produção familiar e processos de trabalho no campo. E o próximo Tempo Acadêmico que acontecerá no período de janeiro a março de 2011: Estado, Movimentos Sociais e Políticas no Campo. A realização do Tempo Comunidade também se fundamenta a partir do eixo que conduz todo o Tempo Acadêmico. A concretização dos estudos fundamentam-se pelo ensino-pesquisa-extensão. A pesquisa se configura como um princípio educativo no percurso formativo não só desse curso, bem como todas as modalidades de ensino que são desenvolvidas através do CRMB.
Para garantir a qualidade do processo formativo antes da realização do Tempo Acadêmico todos os formadores indicados para trabalhar no Tempo Acadêmico participam de uma formação, que ocorre em nível de Estado. Mas, em nível local é realizado um planejamento coletivo com todos os formadores de todas as áreas do conhecimento, momento que a ementa e o plano de aula é socializado e debatido no coletivo, garantindo o diálogo nas diversas áreas e a interdisciplinaridade. As aulas são desenvolvidas garantindo duplas por área do conhecimento. O planejamento coletivo está acontecendo com a representação dos educandos/educandas, para que possam garantir um processo democrático, além de enriquecer a condução do processo e realização de cada Tempo Acadêmico e Tempo Comunidade.
Nesse percurso formativo, a formação de formadores e o planejamento coletivo organizou a formação dos educandos/educandas visando um encadeamento na construção do conhecimento e uma relação Tempo Acadêmico e Tempo Comunidade evitando a fragmentação ou ruptura nos saberes que estão em curso. Nesse sentido o Tempo Comunidade ele se concebe de forma extremamente articulado com os saberes do Tempo Acadêmico. No primeiro Tempo Comunidade, partindo do eixo articulador, foram desenvolvidas as seguintes produções de textos: “História, Saberes, e práticas educativas”; “Texto analítico”; “Memorial descritivo das atividades de pesquisa de campo”. No segundo Tempo Comunidade, em função de já existir uma produção a partir da pesquisa de campo junto à comunidade foi inserido a Partilha dos Saberes, que é um momento em que o educando/educanda socializa sua pesquisa e resultados com a comunidade proporcionando reflexões, observações e novos olhares dos atores envolvidos. Ainda como atividade nesse tempo, foi desenvolvido pesquisa de campo em dois lotes, uma pesquisa sócio-educacional e a sistematização dessa produção.
O Tempo Comunidade tem se configurado como um grande desafio. É o momento da realização de pesquisa, das produções escritas, além de projetos de intervenção junto ao espaço trabalho-vivência de cada um e cada uma. Entendendo esse desafio, é que existe um acompanhamento pedagógico pelos educadores do CRMB com realização de encontros, momentos esses de reflexão, análise, questionamentos e esclarecimento sobre as atividades a serem realizadas nesse percurso. A coleta de dados flui com facilidade, mas o tratamento dos dados ainda aparece como desafio a serem tratados na formação, nos dois tempos. Nesse sentido, é que durante o Tempo Acadêmico está sendo realizado mini-curso de metodologia de pesquisa, com objetivo de contribuir no avanço do processo de formação. Todo o processo vivido no Tempo Comunidade é socializado e debatido no Tempo Acadêmico de maneira que possa contribuir com as aulas que seguirão, por isso se propõe a participação de todos os formadores no momento do chamado “tempo retorno”. Mas, nem sempre é possível garantir esse espaço com todos formadores, por isso o “tempo retorno” permeará por todo o Tempo Acadêmico provocando as aulas em curso. Vale ressaltar que a condução do Tempo Comunidade passa pelo eixo articulador que foi trabalhado no Tempo Acadêmico em andamento e do próximo, pois assim é possível garantir elementos de cada espaço de vivência enriquecendo o processo formativo.
Quanto a organicidade, a turma está organizada em 06 grupos de estudo e 04 grupos de trabalho: saúde; lazer; mística e secretaria. No último Tempo Acadêmico, a maioria ficou hospedada em um espaço coletivo, facilitando o desenvolvimento das atividades coletivas. A cada Tempo Acadêmico realizam-se atividades de visitas de campo, seja em assentamentos ou em outros espaços, como foi o último, em agosto foi realizada uma visita na Serra das Andorinhas, com apoio da Fundação da Serra das Andorinhas, garantindo uma programação diversificada: visita a Vila Santa Cruz (beira do rio Araguaia); Ilha dos Martírios; Assentamento Buqueirão. Todas as visitas com acompanhamento dos educadores e guias locais. A visita permitiu conhecer o museu da Guerrilha do Araguaia; as escrituras rupestres; e as experiências que estão em andamento pelos camponeses. Enfim, a proposta pedagógica prima pela indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão; pesquisa como princípio educativo; integração entre tempos e espaços formativos; práxis educativa.