LEVANTAMENTO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR COMUNIDADES TRADICIONAIS, NO TERRITÓRIO LENÇÓIS/MUNIM (MA)
As diversas comunidades tradicionais desenvolvem habilidades próprias de convivência com o meio em que estão inseridas. Há uma variedade cultural relacionada aos diferentes recursos naturais disponíveis e pelas suas necessidades ao longo da história de seu povo, tendo um manejo e interação com a natureza de forma peculiar. Em contrapartida, a recente aproximação com as ”sociedades modernas”, tem facilitado o acesso a produtos prontos e industrializados, que tem provocado a dissociação desse conhecimento gerado ao longo de décadas, resultando na falta de interesse das novas gerações. Assim, o objetivo deste trabalho foi levantar recursos genéticos vegetais utilizados para fins medicinais por comunidades tradicionais do Território Lençóis/Munim, no Estado do Maranhão. Para tanto, foram utilizados métodos etnográficos como questionários semiestruturados, conversas informais e listagem livre. Foram entrevistados 42 agricultores distribuidos em dezessete comunidades tradicionais localizadas nos municípios de Morros, Cachoeira Grande e Rosário. Foram citadas 126 espécies, divididas em 47 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram Fabaceae (com 9 espécies), Lamiaceae (6), Anacardiaceae (5), Apocynaceae (4), Arecaceae (4), Euphorbiaceae (4), Malvaceae (4), Meliaceae (4) e Rutaceae (4). As espécies mais citadas pelos informantes, em ordem decrescente, foram Janaúba (Himatanthus sp.), Aroeira (Astronium sp.), Mapá (Parahancornia sp.), Copaíba (Copaifera sp.), Jatobá (Hymenaea sp.) e Hortelã (Mentha sp.) Quanto ao porte a maior parte das plantas são herbáceas (53,91%), seguidas de plantas arbóreas (31,37%), arbustivas (12,74%) e trepadeiras (1,96%). As partes das plantas mais utilizadas foram casca (36,88%) e folha (31,14%), representando mais da metade das formas de uso em seguida raiz (13,93%), fruto (9,01%), látex (4,91%), semente (2,45%) e flor (1,63%). O modo de preparo das plantas medicinais para uso mais utilizado é chá (42,25%) e garrafada (25,35%). Considera-se de grande relevância o conhecimento sobre uso de plantas medicinais das comunidades entrevistadas. Logo, este trabalho contribuiu para identificação de plantas com potenciais medicinais que estão sendo substituidas ou esquecidas pelos povos tradicionais, trazendo consequencias para a manutenção e identificação desses povos, além disso, com a diminuição do uso dessas plantas observa-se consequencias na conservação das espécies in loco e de toda a biodiversidade. Assim, a pesquisa fornece importantes contribuições para o resgate e manutenção deste conhecimento pelas gerações atuais e futuras.