Lei de fortalecimento da agricultura familiar no município de Morros, Maranhão
A iniciativa veio fortalecer as ações já realizadas pelas agricultoras/agricultores tanto para questões organizativas fortalecendo os grupos locais, por meio da proposta de lei municipal que busca fortalecer as ações de produção e comercialização dos produtos agroecológicos. Ao longo da experiência, Morros tem conseguido fortalecer outros grupos de mulheres, associações locais e ainda de mulheres de outros municípios como as quebradeiras de coco de Viana, por meio de troca de experiência (online e presencial) sobre execução do PNAE, bem como da importância dos encontros de agricultores, onde essa última iniciativa será realizada por Viana tomando exemplo de Morros.
A iniciativa tem promovido debates presencial e virtual reuniões de troca de experiência e construção do plano de ação, esse que ocorreu no início da iniciativa, com apoio da equipe da TIJUPA parceira fundamental para acontecimento dessa experiência, sempre presente nas ações mobilizações articuladas pela comissão de articulação. Na integra não temos conseguido realizar o plano de ação como construído no início desta iniciativa por diversos motivos.
O município de Morros tem sido também reconhecido por uma importante iniciativa de fortalecimento dos sistemas alimentares e da economia das famílias, através de um trabalho de consolidação de sistemas agroecológicos e da realização de feiras agroecológicas para comercializar os produtos. O processo de comercialização iniciou em 2010, quando produtoras e produtores juntamente com a TIJUPÁ realizaram a I Feira da Reforma Agrária e Economia Solidária da Região do Munim, ocorrida no município de Morros. A partir de então as feiras só ganharam espaço e adeptos. Atualmente participam das feiras 110 famílias de agricultores e agricultoras assentas da Reforma Agrária na Região do Baixo Munim e em São Luís, onde são vendidos produtos dos seus quintais produtivos e de suas roças, bem como dos produtos do extrativismo. Estas feiras vão para além dos espaços do município de Morros, elas ocorrem em um circuito, que envolve os municípios de Rosário, Cachoeira Grande e Presidente Juscelino. A participação das mulheres é majoritária, formando 95% do
total de produtoras.
O público consumidor tem um perfil econômico variado, sendo a maioria as pessoas de menor poder aquisitivo. As feiras ocorrem em espaços públicos e possui uma política de preços justos aos consumidores. Cabe destacar a Feira Agroecológica como referência do potencial alimentar do município, que para além de um espaço de comercialização promove a segurança alimentar dos consumidores/as ao ofertar alimentos isentos de agrotóxicos, a preços acessíveis, gera renda aos agricultores/as, encurta os canais de comercialização e fortalece a construção social de mercados. As agricultoras/es que integram a feira agroecológica possuem estrutura organizativa que possibilita o fortalecimento político. Anualmente as agricultoras/es da feira realizam o Encontro de Feira de Morros e esse antecede o Encontro do Circuito de Feiras Agroecológicas do Baixo Munim, espaço organizativo que além de promover a sociabilidade dos/as agricultores, se constitui espaço de formação e onde são debatidos os processos gestionários das feiras com atualização dos termos de feira, da tabela de preços e planejamento das ações das feiras.
O processo de organização da produção, comercialização foi muito importante para construção da proposta de Lei, pois são os antecedentes e trajetória da Agroecologia no Territórios são fundamentais pois já estão mobilizados em torno da discussão. No processo de produção destacam-se atividades com grupos produtivos, principalmente mulheres com atividades de SAF’s, criação de animais, resgate de sementes crioulas com implantação de 2 bancos de sementes, beneficiamento de frutas extrativistas e produtos dos roçados e quintais, atividade de meliponicultora, além da organização em grupos produtivos – Mulheres Sabores da Terra (grupo de Mulheres de Patizal) e Grupo de Feira Agroecológica, fortalecimento das associações comunitárias, entre outros processos que vem tornando agricultoras/es e comunidades como referências em agroecologia no território Baixo Munim.
Morros foi o primeiro município do território Baixo Munim a implementar o PNAE, e isso se deve ao processo de organização das agricultoras/es agroecológicos que exigiram do poder público o cumprimento da Lei no que se refere a aquisição dos produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar. Foram muitos os entraves, mas o protagonismo dos agricultores e agricultoras, sobretudo as mulheres que se organizaram para cada vez mais o cardápio da alimentação escolar expresse a cultura alimentar da região. Nesse sentido, o Seminário Anual de Avaliação do PNAE é um expoente do processo de organização das/os agricultores no que concerne à incidência sobre essa política pública, pois é nele que se faz a disputa da política com o poder público, sendo dialogado a inclusão de alimentos na chamada pública, preços, percentual de aquisição, período de lançamento do edital, entre outros assuntos pertinentes ao Programa de Alimentação Escolar.
Ainda em relação ao PNAE cabe destacar que o protagonismo das agricultoras/es do município, em especial do assentamento Rio Pirangi, na incidência sobre essa política pública levou o município a fazer parte da Pesquisa-Ação Comida de Verdade nas Escolas do Campo e da Cidade, de iniciativa da Articulação Nacional de Agroeocologia/ANA em parceira com Forum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional/FBSSAN e Conferência dos Religiosos do Brasil/CRB, culminando com o cadastro de experiências de duas associações locais - Associação de Patizal e Associação de Mirinzal – que ofertam alimentação agroecológica para o PNAE.
Nesse sentido, a construção da Lei de Agroecologia é resultado da trajetória da agroecologia no município, cujos processos vêm sendo protagonizados por agricultoras e agricultoras, que se organizam por meio de suas associações locais, encontros de feiras, seminário de PNAE, associação de mulheres, grupos produtivos, entre outros para construção de sistemas alimentares sustentáveis que assegure a todos direito à alimentação saudável, meio ambiente seguro e respeite os modos de vida.
Assim, após as reuniões realizadas com agricultores/agricultoras, para apresentação, discussão e complementos a proposta de lei, também foi discutida e tomadas as sugestões de organizações parceiras nessa revisão como a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos-SMDH, Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Maranhão-FETAEMA, Animação Cristã no Meio Rural- ACR, Fórum Maranhense de Segurança alimentar de Nutricional-FMSAN, NEA-IFMA Monte Castelo, assim com uma construção feita de forma participativa e ampla, consideramos que já tínhamos uma minuta pronta a ser entregue ao prefeito do município. Nesse sentido, os agricultores e agricultoras entregaram a minuta de lei para apreciação do prefeito, onde nos encontramos atualmente nesse processo de diálogo com poder público.
Anexos
Troca de experiência sobre o PNAE, apresentando a experiência pra as mulheres de Viana
Dimensões: 1280px x 958px
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Fotos exposição no encontro dos lavradores
Dimensões: 1280px x 960px
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Fotos do encontro de lavradores dias 18 e 19 de novembro
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Anexo 4
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