Informativo da rede dos cultivos agroecológicos do alto sertão paraibano
A experiência dos viveiros de mudas nos assentamentos do Sertão da Paraíba surgiu a partir dos viveristas do Pólo Sindical da Borborema. Iniciou-se no município de Aparecida em 2002, quando foi realizado um encontro sobre cultivos agroecológicos no assentamento Acauã para um público de mais de 60 pessoas. O objetivo inicial era trabalhar a multiplicação de árvores frutíferas, forrageiras, ornamentais, medicinais e espécies florestais destinadas à arborização da agrovila e ao plantio na barragem subterrânea. O sucesso da experiência fez com que um intercâmbio fosse promovido com moradores de outros assentamentos da região, sendo discutido os cultivos agroecológicos e a importância do viveiro de mudas para o trabalho da comunidade. As crianças fizeram uma demonstração de como preparar substrato, plantar mudas, regar e fazer enxertia. Discutiram que a chave para a construção coletiva dos viveiros é o trabalho com a família e em forma de mutirão. Nos assentamentos Santo Antonio e Frei Damião o projeto foi implantado pelas crianças e jovens, sob coordenação e orientação das associações. A manutenção das mudas é realizada toda semana e a irrigação diariamente, e a cada dois meses se faz uma reunião informativa e avaliativa. As atividades do viveiro não são apenas de ocupação das horas vagas, mas também de uma ação educativa com possibilidades de retorno econômico. A comercialização foi se intensificando durante os intercâmbios, encontros e feiras, e com a arrecadação o assentamento Acauã comprou 150 pintos e 120 quilos de ração que foram distribuídas entre as 30 famílias participantes. No Santo Antonio e no Frei Damião o dinheiro foi utilizado para a compra de material escolar. Cada viveiro produz em média duas mil mudas e existe a possibilidade de se incluir novas espécies (medicinais e nativas). O trabalho vem provocando a inclusão de jovens e crianças na construção de uma nova consciência ambiental, respeito e valorização da terra, comprovando a possibilidade da convivência sustentável com o semi-árido.