Grupos de Agricultores Ecológicos realizam comercialização coletiva em Anita Garibaldi - SC

“A horta é uma porta de entrada. Com a verdura o agricultor vende ovo, uma galinha, um leitinho, pães...”. É com essa visão que o Senhor Irady Mota mostra, entusiasmado, a bela horta que começa a poucos metros da porta de sua casa. A atividade teve início há cerca de dez anos, quando quatro famílias agricultoras do município de Anita Garibaldi, no Planalto Serrano de Santa Catarina, se uniram em busca de uma alternativa de trabalho e renda no campo. A família de S. Irady era uma das que já tinham falido com a produção convencional de milho, feijão e fumo. A iniciativa foi motivada, principalmente, pelo apoio do Centro Vianei de Educação Popular, uma ONG de promoção da agroecologia que atua na região. Segundo S. Irady, também teve muita influência sobre os agricultores da região a morte do cantor Leandro: “eles tiveram muita coragem para dizer a público que Leandro morreu pelo uso de venenos na agricultura”. E uma visita realizada a um produtor orgânico da região mostrou aos agricultores que a agroecologia era possível. Impressionou-os o seu progresso econômico: “até filho na faculdade ele tinha, enquanto nós lutávamos para sobreviver”. Voltando para seus sítios ou terras arrendadas, os agricultores começaram a experimentar novas técnicas de produção. Com erros e acertos a produção de hortaliças orgânicas foi se ampliando e, com ela, o interesse de mais agricultores do entorno. O grupo cresceu e constituiu uma horta coletiva na propriedade de S. Irady. Foi com muito esforço de pressão sobre a prefeitura que conseguiram a autorização para realizar uma feira no centro de Anita Garibaldi. E com o apoio da Cooperativa Ecológica Ecoserra, vinculada à Rede Ecovida de certificação participativa, conseguiram aprovar projetos de comercialização coletiva junto ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), gerido pela CONAB e, mais recentemente, também para fornecimento da merenda escolar através do PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar. Ao longo destes anos, a experiência foi se difundindo no município. Atualmente, além do grupo do S. Irady, existem seis outros grupos de agricultores agroecológicos, com uma média de sete famílias cada. Estes sete grupos formam a AAFEAG - Associação de Agricultores Ecologistas de Anita Garibaldi. A Associação foi constituída para facilitar o acesso a projetos, crédito e outras políticas públicas. O grupo de S. Irady, que hoje conta com dez famílias, não produz mais de forma coletiva: a produção tem se dado de forma descentralizada, mas o planejamento da produção e a comercialização são coletivos. Aproximadamente 90% da produção destes grupos são comercializados com o PAA e o PNAE. O restante vai para as feiras e, quando ainda há excedente, faz-se venda direta em domicílios. Em 2010 foram negociados pela AAFEAG R$125 mil com a CONAB, com a participação de 65 famílias, e R$80,5 mil com o PNAE, envolvendo 20 famílias. Já a comercialização feita na feira semanal tem rendido uma média de R$700 mensal para cada família (atualmente só 2 grupos têm participado da feira). Segundo relatam os agricultores, a renda melhorou muito entre os membros da Associação. “Quando só plantávamos milho e feijão tínhamos uma renda muito apertada para passar o ano. Agora temos também a couve, os ovos, o tomate, o leite, o mel e o melado, outras hortaliças... essa renda complementar ajuda muito e esse processo todo educou o agricultor para isso”. S. Irady lembra que há 10 anos foi uma grande dificuldade para levar ao hospital um vizinho que teve uma crise de saúde: só havia um carro em toda a comunidade. “Hoje, das 10 famílias do grupo, 9 construíram casa nova e a outra fez melhorias. E só uma não tem carro, mesmo assim porque não quer. Todo mundo agora tem telefone. Tudo isso é conforto, padrão de vida”. Seu Irady comemora ainda ter conseguido formar um filho técnico. O agricultor reconhece que o fato de termos conseguido eleger um governo popular, que implementou muitas políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida da população, contribuiu para todo esse progresso (menciona especificamente o PAA, o PRONAF, o Programa de Habitação Rural e o PNAE), mas não tem dúvidas: na agricultura convencional esses avanços não teriam sido possíveis.

Anexos

Anexo 1

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Dimensões: 2560px x 1920px

Anexo 2

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Anexo 3

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