EXPRESSÕES AGROECOLÓGICAS A PARTIR DE PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DA AGRICULTURA TRADICIONAL E CAMPONESA EM PARATY-RJ
Esta investigação científica tem como objetivo geral identificar e analisar aspectos sociais, ambientais, técnicos e econômicos relevantes das práticas agroecológicas dos agricultores familiares das comunidades rurais de Paraty que afetam a conservação dos ambientes naturais e manejados do ecossistema local. A partir da percepção dos agricultores e dos princípios da Agroecologia, a diretriz metodológica baseou-se na ação acadêmica vinculada aos processos comunitários existentes, procurando alcançar pontos de integração e diálogo entre o pesquisador e os atores sociais envolvidos na pesquisa, facilitando o processo de interação de conhecimentos técnicos, acadêmicos e populares. Assim, por meio da pesquisa participante com caminhada transversal e entrevista semi-estruturada combinados com o estudo de caso, foram coletados e analisados dados sobre a identificação dos processos mobilizadores dos agricultores, caracterização dos atores sociais envolvidos, dos benefícios econômicos, ecológicos e sociais, a destinação dos produtos agropecuários e os entraves e dificuldades encontradas na produção agrícola a partir das mobilizações e iniciativas agroflorestais. Com a análise das 23 entrevistas realizadas pode ser verificado que em Paraty as comunidades rurais são típicas comunidades tradicionais camponesas, cujas percepções evidenciam potencialidades e contribuições positivas das suas práticas agroecológicas, natas e adquiridas, sobre a agrobiodiversidade e relações ecológicas da região. A valorização desta identidade e condição camponesa por meio de uma assessoria técnica com os princípios agroecológicos e sociais favoreceu adoção e apropriação dos princípios agroflorestais com base na sucessão das espécies, gerando inovações, produtos e alternativas de renda que podem ajudar a reduzir intervenções predatórias sobre a flora e fauna local. Contudo, a condição camponesa encontra-se fragilizada para a maioria dos agricultores, evidenciando a necessidade, de que os sujeitos e as comunidades rurais, acessem as políticas públicas de assistência técnica e extensão rural e de mercado institucional que contribuam para a manutenção das características camponesas da agricultura local.