Experiências em Agricultura Familiar na Zona da Mata

O casal João e Santinha trabalhavam como meeiros em uma propriedade onde 60% da produção ficava com o patrão. Eles então se uniram com outros pequenos produtores sem terra e, através de trocas de produtos, conseguiram seu pedaço de chão em 1994. No início a terra era ruim, tinha muita vassoura branca, capim-seda e sapé, e com o manejo apareceu à serralha, o fel-da-terra e o picão. Depois vieram a capiçoba, sete-sangria, arrebenta-pedra e João-leite, indicando a diminuição da acidez do solo e a condição para o plantio de feijão e soja. João aprendeu no curso sobre agrofloresta que a cultura do café poderia ter 80% de sombra, o que não se aplica em sua cidade (Araponga-MG), pois devido ao clima a sombra não deve ultrapassar 30%, o que prejudicaria a produção. O casal plantou diversas variedades de árvores, mas perceberam que as que convivem melhor com o café são: mulumgu, cedro-rosa, sumaúma, ipê-amarelo, paineira, pau-pereira e uva do Japão, com as fruteiras complementando o trabalho. João acha importante conservar a matéria orgânica, pois serve de adubo na lavoura do café. Por volta de 30% da propriedade do casal é de floresta, havendo um espaço para que a mata não invada a lavoura e vice-versa. Na terra também se cultiva a banana, com dez variedades, cuja venda contribui para a renda da família. No quintal agroecológico são mais de quarenta espécies de frutas e trinta e quatro de plantas medicinais. Com toda essa diversidade João e Santinha garantem o sustento e a saúde deles e dos quatro filhos.