Experiência da aplicação da Metodologia de Planejamento e Organização dos Assentamentos: com ênfase na Agroecologia.

A experiência da aplicação da metodologia de planejamento e organização dos assentamentos para elaboração do Plano de Desenvolvimento do Assentamento (PDA), ou mutirão de Assentamento com ênfase em agroecologia foi realizada no assentamento Roseli Nunes. O assentamento é formado por 45 famílias, sendo restas originadas da zona rural, de grandes centros urbanos na região (Rio de Janeiro, Volta Redonda e Barra Mansa). O trabalho é coordenado pelo Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente/MST(SPCMA), as famílias do assentamento, e outros Setores da organicidade do MST, em conjunto com a equipe de assistência técnica (ATES/ESTRUTURAR), e com o apoio do Grupo de Estudos e Trabalho em Ensino e Reforma Agrária (GETERRA). Primeiramente esta experiência surgiu com a vontade e necessidade apontada pelas famílias de trabalharem utilizando métodos agroecológicos. Segundo, devido à forma pelo qual a área foi cultivada nos últimos dois séculos, o qual deixou um grande passivo ambiental e degradação. Apontando a necessidade de trabalho inicial de recuperação das terras com princípios agroecológicas. Esta experiência poderá contribuir com os assentamentos da região que possuem áreas tão degradadas quanto ao Roseli Nunes. A experiência consiste na aplicação da Metodologia de Planejamento e Organização de Assentamento para elaboração do PDA, também conhecido a nível estadual como mutirão de organização de assentamento. Durante este trabalho foram realizados espaços de formação em agroecologia, e posteriormente espaços para debate das diferentes formas de aplicação dos princípios agroecológicos. Para que houvesse estes espaços durante o mutirão, dividiu-se este em cinco etapas em períodos diferentes. Sendo estas etapas construídas de acordo com a organicidade do assentamento, da brigada e contribuição dos setores e coletivos estaduais do MST. A primeira etapa iniciou as discussões com as famílias para aplicação do primeiro crédito de apoio inicial. As discussões foram realizadas em núcleo de família, com objetivo de que a produção seja voltada para a subsistência da família e do assentamento, organizando-a de forma cooperada e com princípios agroecológicos. Debateu-se também sobre as questões ambientais, iniciou-se a discussão da ocupação do território para produção e habitação e por fim iniciar coleta de dados para o documento PDA. Ao final desta etapa construí-se um planejamento das ações a serem realizadas com divisão de tarefas entre a comunidade, setores e coletivos, ATES e colaboradores. A segunda etapa organizada a partir do Planejamento das Ações da primeira, teve por objetivo aprofundar nos temas elencados como prioridade, iniciando também os levantamentos de dados quantitativos e qualitativos necessários ao PDA. Nesta fase, a discussão sobre a ocupação do território pelas famílias é o foco. Dos espaços de núcleos, as famílias apresentam o território através de mapas construídos a partir da percepção do espaço. Para continuarem debatendo o território como um espaço de morada e de produção, elas então recebem a tarefa de estudar sobre formas/jeitos/experiências de assentamentos do MST em outros estados. Além disso este espaço tem por objetivo fortalecer as práticas agroecológicas e de cooperação já encontradas na comunidade. Nesta fase apontam à necessidade de organizar experiências e onde e como construí-la, além dos responsáveis e etapas. A terceira etapa construídas com as famílias, SPCMA/MST, ATES e colaboradores (GETERRA e Assessores) e neste momento buscamos a parceria de pesquisadores da EMBRAPA Agrobiologia. A etapa consiste de coleta de dados referentes à qualidade e tipo do solo da área, para a elaboração de mapas de solo e mapeamento litológico, além da qualidade de habitat. Também com finalidade de mapeamento, foi realizada a coleta de dados qualitativos e quantitativos com relação aos recursos hídricos. Para que futuramente possamos ter dados referência do início da experiência, para que seja utilizado como parâmetros para avaliar os estágios e avanços do processo de recuperação da área com os princípios agroecológicos. A quarta etapa consistirá em espaços coletivos de formação, tendo nestes a participação de todos os membros da família (crianças, jovens, adultos e idosos). Estes esapaços focarão nos debates dos princípios agroecológicos, princípios e formas de cooperação já existentes e que poderão ser fomentados na comunidade. Partindo de sua realidade e percepção. Além do resgate da identidade e cultura camponesa. Será um espaço de pensar como irão ocupar o território, e incentivar/ampliar a produção com princípios agroecológicos. Além das discussões com colaboradores haverá trocas de experiências com pessoas que produzem de forma alternativa, agroecológica e sistemas agroflorestal. A etapa final é o início da implantação da área demonstrativa com enfoque na recuperação ambiental com os princípios agroecológicos. Esta área encontra-se em fase de desenvolvimento juntamente com as famílias. Na área selecionada pretende-se utilizar adubos verdes, espécies nativas da região, além das exóticas bem adaptadas. Todo esse processo será discutido e implantado junto à comunidade e sua organicidade com intuito de sempre fortalecer. Através deste trabalho pretende-se ter como produto a utilização desta área como modelo para ampliação destas práticas na região e em outros assentamentos. Após esta prática será mantido um acompanhamento do desenvolvimento da área experimental e de atividades posteriores para o desenvolvimento sustentável do futuro assentamento, com Planejamento de Ações continuadas com as famílias, Setores e coletivos/MST, ATES, Colaboradores (GETERRA e Assessores) e Parceiros como a EMBRAPA Agrobiologia.