Da organização a comercialização de tudo que tem pertinho de casa, a experiência de Dona Severina
Dona Severina e Seu Manoel moram no sítio Catolé, no município de Queimadas, na Paraíba. Nos arredores da casa tem um chiqueiro de galinhas feito com varas do próprio sítio, um cercado para os porcos, gado e ovelhas, uma casinha de taipa onde as galinhas põem e deitam os ovos, um lavador de roupas que aproveita a água para as plantas, uma faxina de plantas medicinais e fruteiras, um quarto onde armazena as sementes e guarda os equipamentos de trabalho, um terreiro para secar sementes, um pequeno chiqueiro onde prende as galinhas antes de vender na feira, uma cisterna e um barreiro. Dona Severina aprendeu a dividir os espaços no arredor de casa depois que começou a freqüentar as reuniões da Comissão de Saúde e Alimentação do Pólo Sindical da Borborema. Dona Severina alimenta as galinhas com milho duas vezes por dia e depois as solta para comer mato, deixando-as bem gordas. Na faxina, ela planta maxixe, quiabo, acerola, caju, graviola, manjericão, limão, hortelã, cebola e diversos outros produtos. Antes dona Severina arrancava os pés de bucha, mas teve a idéia de levar para a feira e vender. Para que a palma dê fruto o ano todo dona Severina diz que é preciso colocar estrume do curral nos pés da palma. Ela cria os porcos durante cinco ou seis meses em um chiqueiro de tijolo antes de poder vender, alimentando-os com xerém, forrageira e restos de comida. Ela enterra as fezes na hora da limpeza porque os porcos podem ter vermes. Na frente da casa tem um barreiro que segura água todo ano até novembro. A água é usada para o gado e para as galinhas, e também para lavar roupas. A água da chuva é aproveitada na cisterna, e com o fundo rotativo nenhuma família da região sofre mais com a seca. Dona Severina junta as folhas secas quando varre o terreiro e as joga no grotão, virando estrume para terra. Ela aproveita também a urina da vaca para combater o bicudo. A família tem seis ovelhas e as vende quando precisa, ou então usa para alimentação. O arredor da casa organizado deu a garantia da família ter muitos alimentos para o consumo e outros para serem comercializados na feira agroecológica de Campina Grande, melhorando a renda de toda a família.