CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO E AGROECOLOGIA





O curso de especialização lato sensu “Educação e Agroecologia” é uma parceria da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz) com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Bruneto, localizada no município de Prado, e tem se constituído como referência para a estruturação de projetos com as escolas do campo do território do extremo sul da Bahia. 




O curso pretende viabilizar um processo de formação para os educadores que atuam na Educação do Campo em áreas de Reforma Agrária, na modalidade da pós- graduação (lato sensu), com vistas à consolidação dos conhecimentos acerca dos métodos e das teorias críticas em educação e em agroecologia. É um processo que tem como estratégia a possibilidade de se formar para compreender a realidade dos territórios e promover a Agroecologia nas escolas e em toda a região.
Assim, o curso não é uma estratégia isolada e pontual, é parte de um conjunto de iniciativas relevantes e pioneiras que tentam disputar as possibilidades de viver de forma digna, saudável e em harmonia com a natureza em um cenário complexo e com intervenção do capital internacional (expansão da monocultura de eucalipto desde os anos 1980).




O fortalecimento do debate e formação em agroecologia no território do Extremo Sul da Bahia, a partir das unidades escolares dos assentamentos da reforma agrária, tem sido uma importante ferramenta de luta no embate às contradições impostas pelo avanço do capital na agricultura e suas consequências socioambientais, com implicações importantes para os modos de viver e ter saúde.
Entendendo que compreender a estrutura fundiária, bem como as disputas pela terra que ocorrem no campo da região extremo sul da Bahia é pré-requisito para tratarmos a educação em agroecologia na perspectiva de compreender a realidade contraditória pelo qual as escolas estão situadas e os desafios que estão postos neste momento histórico, bem como se apropriar e potencializar as experiências de vida, os conhecimentos, as técnicas e as culturas que as comunidades possuem, com destaque para o manejo agroecológico, edáfico, das águas, dos resíduos e habitacionais. 




A temática da agroecologia na educação básica das escolas de assentamentos e acampamentos integra a estratégia da consolidação da agroecologia na região, visto o potencial de escolas em territórios de áreas de reforma agrária, integram-se nesse 52 escolas, sendo 7 de ensino médio, somando 305 professores e quase quatro mil educandos em diferentes faixas etárias.
Por isso dentre os eixos de atuação da EPAAEB desde o ano de 2014 inclui-se a formação de professores, considerando que esses poderiam exercer também a função de trabalhar com seus educandos os conhecimentos que ajudam a compreender a agroecologia enquanto conhecimento científico e popular popular capaz de transformar a realidade dos assentamentos e acampamentos.




Neste âmbito a Escola Popular organizou durante os anos de 2013 e 2014 uma campanha denominada “Extremo Sul pela Vida, Agrotóxico Zero!”, cujos objetivos centraram-se em fomentar atividades criativas e reflexivas, no contexto dos assentamentos e escolas do campo, relacionadas aos riscos do uso de agrotóxicos, exaltando os princípios da agroecologia e o valor da vida. A campanha relacionou-se com dois compromissos do Movimento: defender o princípio da soberania alimentar, para que cada comunidade produza os alimentos necessários para o seu povo e produção agrícola agroecológica, abolindo o uso de agrotóxicos e de sementes transgênicas.
A campanha percorreu diversas escolas de assentamentos e acampamentos e desta experiência foi possível problematizar o modelo de produção agrícola centrado no uso intensivo de venenos, que além de ser uma realidade das grandes propriedades está presente na vida dos assentamentos e ainda confrontar-se com projetos de educação ambiental fomentadas pelo agronegócio na educação pública como é o caso do “Programa Despertar” coordenado pelo Sistema Nacional de Aprendizagem Rural- SENAR.
A partir do resgate da história oral dos assentados/as e acampados/as se extraiu informações acerca da construção territorial da região, dos municípios e dos próprios assentamentos e acampamentos, como e porque da utilização de agrotóxicos nestes meios, evidenciando as contradições e também as alternativas para quem está no processo de transição para a agroecologia.
Percebemos que a metodologia teve um papel fundamental de sensibilização de educadores, educandos e comunidades. As ações proporcionaram debates sobre o uso de agrotóxicos e a contaminação da natureza que foram para além das escolas.
Outro fruto do percorrido da Escola Popular nas escolas de educação básica, foi perceber que a maioria delas estava inserida em programas de educação ambiental coordenados pelo agronegócio, em especial via SENAR a partir de seu programa “despertar”. Esse fato trouxe para o seio do setor de educação uma contradição a ser trabalhada, uma vez que os professores do próprio MST estavam sendo formados pela concepção de agricultura do agronegócio. Esta constatação impulsionou a Escola Popular a propor uma série de atividades pautando nossa concepção de projeto de campo e de agroecologia.






A partir daí traçou-se um plano de formação de professores específico em agroecologia, provocando o conjunto do MST da região a refletir sobre o papel da escola na construção de assentamentos agroecológicos, entendendo que a escola pode ser um lugar estratégico para a construção deste conhecimento e que precisa ser ocupado pela nossa concepção e pelas nossas práticas pedagógicas.
Foi possível elaborar coletivamente uma proposta curricular inicial para atuação nas escolas, desenhando algumas diretrizes desse trabalho e como resultado produziu-se o caderno de Agroecologia na Educação Básica: questões propositivas de conteúdo e metodologia, este serve de subsidio para o trabalho docente. Diante disso o território possui grande potencial no que tange a construção do conhecimento agroecológico nas escolas, pois o mesmo caminha para a mobilização entre os docentes provocando uma construção pedagógica coletiva, impulsionando uma atuação da escola junto à comunidade, traz também a dimensão do trabalho como princípio educativo para o chão da escola e promove uma problematização a cerca dos impactos do uso dos agrotóxicos para a terra e para a saúde humana.






Por isso acredita-se que a construção de um curso de especialização em Educação e Agroecologia destinado a professores da Educação Básica irá possibilitar o avanço da construção da proposta da agroecologia na esfera da educação escolar e contribuirá para o fortalecimento de uma escola pública comprometida com o desenvolvimento das populações que residem no campo.
 OBJETIVOS DO CURSO
Formar profissionais da educação básica que atuam nas escolas do campo do extremo Sul da Bahia para o aprofundamento das bases teórico-metodológicas que fundamentam as práticas de educação e suas relações com o trabalho e a agroecologia;
Contribuir para a consolidação do conhecimento e das práticas de agroecologia nas escolas do campo;
Constituir espaços de estudo e reflexão sobre as relações entre Trabalho- Educação-Agroecologia sob a perspectiva de suas determinações e implicações históricas e pedagógicas;
Potencializar uma ação docente crítico-emancipatória, em contraste com a racionalidade utilitarista instrumental. 




ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA CURRICULAR
A estrutura e funcionamento do curso terá como base a Pedagogia da Alternância, a partir dos fundamentos da Educação do Campo. O curso será dividido, portanto, em 4 etapas de Tempo Escola e 3 etapas de Tempo Comunidade, potencializando a relação teoria e prática, os estudos de realidade e o colocar-se do sujeito histórico no mundo. Em ambos os Tempos serão realizados ensino, pesquisa e práticas pedagógicas diversas.
O curso prevê a elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso – estudo sobre a realidade sociohistórica do território, planejamento educacional, metodologia e material pedagógico ou projeto de intervenção em agroecologia neste território, integrando dimensões teóricas e vivenciais. Este trabalho será apresentado publicamente durante a última etapa do curso e será orientado por docentes das duas escolas. Essa é a etapa atual do curso.

2. Duração da experiência

Essa é uma experiência criada em resposta aos efeitos da crise sanitária decorrente da pandemia do Coronavírus (Covid-19)? Não, a experiência já vinha acontecendo e continua durante a pandemia

3. Identificação do tipo experiência

Esta experiência é/foi realizada no Brasil?Sim

Selecione o tipo de experiênciaEnsino-pesquisa-extensão

4. Sujeitos

Você considera que a experiência tem uma atuação em Rede? Não

Sexo - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiência

  • Masculino
  • Feminino

Se há um sexo com maior participação, indique Feminino

Cor ou raça - indique o(s) grupo(s) que participa(m) da experiência

  • Preta
  • Branca
  • Parda

Se há uma cor ou raça com maior participação, indiquePreta

Faixa etária - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiência

  • De 30 a 60 anos
  • De 15 a 29 anos
  • Acima de 60 anos

Se há uma faixa etária com maior participação, indiqueDe 30 a 60 anos

6. Localização e abrangência espacial

Esta experiência está sendo cadastrada pelo celular (via aplicativo ODK Collect)? Não

7. Práticas em saúde e agroecologia

Águas e saneamento

  • Captação de água de chuva
  • Gestão de resíduos
  • Biodigestor

Práticas Agroalimentares (produção/beneficiamento/consumo)

  • Compostagem
  • Adubação verde
  • Quintais sócio-produtivos (horticultura, pomar, etc.)
  • Agrofloresta

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) Plantas medicinais e fitoterapia

Esta prática é considerada uma tecnologia social pelos protagonistas da experiência? Não

O que estimula a adoção dessa(s) prática(s)?

  • Rodas de conversa e oficinas
  • Intercâmbio/vivência

8. Políticas públicas

Caso a experiência tenha acessado uma ou mais políticas públicas brasileiras, indiqueNenhuma

9. Resistências e ameaças

Algo ameaça esta experiência?

  • Disputa territorial ou dificuldade de acesso ao território
  • Violência do Estado

Há conflito(s) ambiental(is) no(s) território(s) onde essa experiência acontece?Sim

Indique o(s) município(s) e respectiva(s) Unidade(s) Federativa(s) onde acontece o conflitoPrado

Grupo(s) social(is) atingido(s) pelo conflito ambientalAgricultor(a) familiar

Atividade(s) geradora(s) do conflito

  • Agroindústria/agronegócio
  • Atuação de entidades governamentais

Impactos Socioambientais da(s) atividade(s)Alteração no regime tradicional de uso e ocupação do território

Possíveis danos à saúde decorrentes da atividade e/ou do conflito

  • Violência - lesão corporal
  • Violência psicológica/assédio

A experiência aqui cadastrada está envolvida nesse(s) conflito(s) ambiental(is)? Não, a experiência não está envolvida no conflito

11. Estratégias de Comunicação e Anexos

Que tipo(s) de ferramenta(s) utiliza para divulgar a experiência e se comunicar com os envolvidos?

  • Whatsapp/Telegram
  • E-mail