Conflitos e injustiças na instalação de refinarias : os caminhos sinuosos de Suape, Pernambuco


Este, oriundo do projeto de pesquisa Vulnerabilidade socioambiental relacionada à exposição química nos territórios de desenvolvimento das cadeias produtivas de petróleo e das consumidoras de agrotóxicos coordenado pela pesquisa da Fiocruz Pernambuco, Idê Gurgel, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), denunciam a insustentabilidade de processos produtivos implantados em territórios de vida humana e ecossistêmica tanto da temática da saúde do campo e uso dos agrotóxicos como da ampliação do Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco. Anunciam também perspectivas para outra possibilidade de rever os processos civilizatórios que não sejam aqueles pela via da espoliação da saúde e da natureza.
Fruto de um longo processo de construção acadêmica com cerca de 20 anos de atividade de pesquisa e formação pós-graduada em Saúde pública/Saúde Coletiva no campo que articula saúde, ambiente e produção/trabalho, seu lócus de atividade é o Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (LASAT) do Instituto Aggeu Magalhães (IAM), uma unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sediada no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O caminhar da equipe de pesquisa, desde seu ponto de partida, em 1996, escolheu como sua base de investigação científica: os territórios, os processos produtivos, as populações vulneradas, a análise de políticas públicas sem efetividade, e as injustiças socioambientais decorrentes da insustentabilidade dos modelos de desenvolvimento econômico. Estas que rapidamente vem transformando a vida, no campo, na área urbana e no litoral em locais enfermos. Essas enfermidades decorrentes, embora evidentes, são negligenciadas em sua determinação, em todos os níveis de prevenção e de cuidados.
No desenvolvimento da pesquisa Vulnerabilidade socioambiental relacionada à exposição química nos territórios de desenvolvimento das cadeias produtivas de petróleo e das consumidoras de agrotóxicos, a qual parte dos resultados são apresentados nestes 2 livros, a equipe do Lasat precisou se empoderar de um conhecimento que constrói pontes, que liga, que tece, que faz uma trama com o saber dos grupos humanos, integrando-os em seus estudos como sujeitos, e não como simples objetos de análise. Para isto, precisou desconstruir e reconstruir abordagens metodológicas amparadas no método científico, mas de forma dialógica, que incorpora as dimensões contextuais, contingenciais dos processos de determinação socioambiental da saúde-doença. Um aprendizado permanente do saber fazer.
Os autores são pesquisadores-docentes, ex-estudantes pós-graduados, outros em formação e parceiros convidados. Neste livro, palavras novas são introduzidas, e sabemos que, atrás das palavras tem teoria, pois a Ciência não é neutra. São palavras oriundas da ética da proteção, da ecologia política, da epidemiologia social e crítica, da geografia crítica, entre outros campos de saber, que não excluem a dimensão biológica, clínica, social, cultural e ambiental do processo de determinação complexa da saúde e suas expressões decorrentes das desigualdades sociais.
O livro Conflitos e injustiças na instalação de refinarias – os caminhos sinuosos de Suape é dividido em 3 partes - reflexões político-teóricas, os processos de vulnerabilização no território de suape, dos conflitos a resistência para a vida.
Na primeira parte, os capítulos apresentam uma visão mais ampla, tomando como foco aportes técnico-científicos na busca de experimentar uma ciência engajada, não mais subordinada, não mais colonizada, e que seja útil para a luta social transformadora dos padrões de nocividades instituídos pelo modelo de desenvolvimento econômico espoliador, sustentado historicamente por sucessivos governos, em contextos cada vez mais difíceis para o exercício da autodeterminação. Modelo que, nos últimos anos, tem incentivado grandes empreendimentos industriais e de infraestrutura e, ao contrário do que se propõe, tem resultado em vulnerabilização dos territórios, como no caso de Suape/Pernambuco.  
Na segunda parte do livro, são apresentados alguns dos processos de vulnerabilização que a pesquisa detectou. Na última década, a ampliação do Complexo Industrial Portuário de Suape (Cips), por conta da construção de novas indústrias, como a refinaria e a petroquímica, reconfigurou o polo industrial para cadeia produtiva do petróleo, que, além de ser altamente poluidora, tem ocasionado profundas transformações políticas, socioeconômicas e culturais, gerando conflitos e injustiças socioambientais que repercutem negativamente na qualidade de vida nos territórios e, consequentemente, na saúde da população local.
Na última parte, os capítulos desenham uma trajetória que parte dos conflitos para a resistência, onde anuncia uma práxis possível, em que o conhecimento científico pode ter outro objetivo que não produzir situações e catástrofes na lógica da morte. Demonstram também como a articulação e a união dos movimentos sociais que buscam resgatar direitos violados e ter participação ativa nas decisões sobre seus territórios podem ser potencializadas na construção coletiva de novos saberes que auxiliam na resistência e na luta.

3. Identificação do tipo experiência

Esta experiência é/foi realizada no Brasil?Sim

Selecione o tipo de experiênciaOutro

Qual outro?Publicação de resultado de pesquisa-ação

4. Sujeitos

Você considera que a experiência tem uma atuação em Rede? Sim

Sexo - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiência

  • Masculino
  • Feminino

Se há um sexo com maior participação, indique Feminino

Cor ou raça - indique o(s) grupo(s) que participa(m) da experiência

  • Preta
  • Parda
  • Branca

Faixa etária - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiência

  • Acima de 60 anos
  • De 15 a 29 anos
  • De 30 a 60 anos

Se há uma faixa etária com maior participação, indiqueDe 30 a 60 anos

Quais outras/os?Pescadores, pescadoras e marisqueiras

6. Localização e abrangência espacial

Esta experiência está sendo cadastrada pelo celular (via aplicativo ODK Collect)? Não

7. Práticas em saúde e agroecologia

Práticas Agroalimentares (produção/beneficiamento/consumo)Cozinhas comunitárias

Outras práticas não especificadas nas opções anteriores vigilância Popular em Saúde

Esta prática é considerada uma tecnologia social pelos protagonistas da experiência? Sim

O que estimula a adoção dessa(s) prática(s)?

  • Participação em redes de aprendizados e conhecimentos
  • Intercâmbio/vivência

8. Políticas públicas

Caso a experiência tenha acessado uma ou mais políticas públicas brasileiras, indiqueOutra

9. Resistências e ameaças

Algo ameaça esta experiência?

  • Contaminação/poluição ambiental
  • Disputa territorial ou dificuldade de acesso ao território
  • Violência do Estado
  • Racismo
  • Violência de gênero (contra mulher, LGBTQIAP+fobia)
  • Violência geracional (contra crianças, adolescentes, idosos)
  • Sucessão geracional frágil ou inexistente

Há conflito(s) ambiental(is) no(s) território(s) onde essa experiência acontece?Sim

11. Estratégias de Comunicação e Anexos

Que tipo(s) de ferramenta(s) utiliza para divulgar a experiência e se comunicar com os envolvidos?

  • E-mail
  • Instagram
  • Whatsapp/Telegram
  • Site