Captação, armazenamento e uso da água nas terras dos irmãos Maciel

Até a década de 1980, a família de dona Domerina plantava e produzia muito, criava galinhas e vendia boa parte da produção em campina Grande(PB). O manejo inadequado do solo fez com que esse ficasse menos fértil, diminuindo progressivamente a produtividade. Além disso, foram lesados na venda das criações e tiveram que fechar os galpões. Em 1993, mudaram-se para uma propriedade de apenas um hectare em Lagoa Seca (PB). No local havia uma capoeira muito fina e um pequeno barreiro. Nesse mesmo ano tiveram contato com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca e conheceram um projeto do PATAC, através do qual puderam ampliar o barreiro. Severino, um dos filhos, passou a participar regularmente das reuniões do sindicato, quando conheceu a cisterna de placas. Construiu a primeira cisterna em 1998, que no ano seguinte foi ampliada e fechada. Francisco, o irmão que atualmente é mestre na construção de cisternas, fez uma de 28 mil litros, hoje registrada no serviço de águas do município. Em épocas de seca, ela pode ser abastecida com carros-pipa, servindo toda a comunidade. No início de 2001, conseguiram um empréstimo bancário no valor de R$ 500,00. Com isso, construíram uma cisterna com capacidade para 14 mil litros, compraram 300 metros de mangueira, materiais para construir um viveiro e várias mudas. Com o viveiro montado, houve necessidade de mais água para a produção de mudas. Diante disso, construíram um poço de seis metros para armazenar a água que corre pela estrada. Quando chove, o poço enche e vaza; levam a água do poço, por gravidade, para a cisterna de 14 mil litros, que irá molhar as plantas do viveiro; quando essa transborda, a água é conduzida para o barreiro; quando a cisterna seca, enchem-na com a água do barreiro usando uma bomba hidráulica. Em quase todo o processo utilizam a gravidade para o transporte da água. Ainda construíram, em fevereiro de 2001, uma barragem subterrânea. Além de cultivar diversas espécies, a família ainda desenvolve outras inúmeras experiências: participam do fundo rotativo de esterco, do banco de sementes de inhame, plantam em curvas de nível. Pensam sempre em aproveitar a água da melhor forma possível.