Cabrito ecológico da caatinga: um projeto em movimento
A criação de caprinos é uma alternativa produtiva ajustada à agricultura familiar do semi-árido do Nordeste brasileiro. Para contribuir com o enfrentamento dessa realidade, a Embrapa Semi-árido em Petrolina deu início a um projeto de pesquisa para a criação e comercialização do "Cabrito Ecológico da Caatinga" contemplando a população do sertão baiano e pernambucano do São Francisco. O projeto original previa a implementação de um modelo de produção orgânica de caprinos no Campo Experimental da Embrapa Semi-árido que reunia práticas já adotadas pelos produtores e tecnologias geradas pelo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária. Entre outros benefícios, demonstrou potencial para aumentar de forma considerável a produção de caprinos pelos agricultores familiares, já que prepara animais para a venda a uma taxa anual de 1,43 cabritos por matriz exposta contra os 0,12 cabritos nos sistemas tradicionais. Além da unidade instalada na área experimental da Embrapa, o projeto previa a implantação de duas unidades de validação em propriedades da região. No entanto, as diferenças entre as condições físicas e socioeconômicas da estação experimental e as das famílias agricultoras inviabilizaram a reprodução integral do modelo nas unidades produtivas selecionadas, problema esse solucionado posteriormente. Antes da implantação dessas unidades, foram realizadas visitas técnicas e ministrados cursos sobre diversos temas desde tecnologias para o aproveitamento sustentável dos recursos naturais da caatinga até práticas ecológicas no tratamento e prevenção das doenças dos animais. Três aspectos puderam ser percebidos logo no primeiro ano da adoção dessa metodologia. Em primeiro lugar, a revalorização, por parte dos produtores, das forrageiras nativas da caatinga, o que tem contribuído para o aproveitamento racional desses recursos e, por conseguinte, para sua preservação. Nota-se também o efeito dessa prática sobre o aumento do estoque forrageiro nas propriedades. Finalmente, há uma maior confiança dos produtores quanto à eficiência da fitoterapia e da homeopatia para controle das verminoses.