Biodiversidade da caatinga: um presente da natureza

Seu Zé Dimas tem uma propriedade na comunidade Malhada Vermelha no município de Santo André, Paraíba. Em 1980 ele pediu um empréstimo ao banco, pois pretendia melhorar a propriedade. Porém, o banco lhe ofereceu um pacote de tecnologias. Uma delas era o plantio de forragem e interessou seu Dimas. Mas o banco exigiu que ele desmatasse a caatinga para plantar só capim buffel. Alguns anos depois seu Dimas percebeu que ao invés de melhorar sua propriedade, provocou degradação do solo. Ao acabar com a mata nativa o solo ficou desprotegido e ocorreu erosão. Os animais sumiram, não nasceu mais pasto para os animais, não tinha mais lenha e nem estaca para consertar uma cerca. Seu Zé Dimas começou a recuperação de sua área com o plantio do sisal consorciando com a palma forrageira. Segundo ele o sisal é uma ótima planta para ajudar a recuperar o solo. A palma serve de forragem para os animais. Ele deixou um pouco de capim buffel para servir de forragem também. Junto a estas plantas estão nascendo as plantas nativas. Antônio Borges também é agricultor e sua família tem uma propriedade na comunidade Riacho de Santo Antônio no município de Soledade, Paraíba. O pai de Antônio foi um dos muitos agricultores que participaram do “projeto algaroba”. Esse projeto financiava o desmatamento da caatinga para plantar somente algaroba. Era um projeto financiado com recursos do governo federal. Os efeitos deste projeto foram desastrosos para muitos agricultores. Para alguns a algaroba virou praga e substituiu toda a vegetação nativa existente na propriedade. Para outros como seu Antônio, a algaroba não se desenvolveu e o desmatamento deixou o solo exposto às chuvas e vento provocando erosão e perda do solo. Para recuperar sua área, seu Antônio começou melhorando a fertilidade do solo com esterco de gado. Depois plantou palma consorciada com gliricídia, feijão guandu e plantas nativas. Para impedir a entrada dos animais ele cercou a área com tela e palma de espinho. Nas áreas de erosão ele fez barramento com pedra e garranchos para segurar a força das águas. Seu Dimas e seu Antônio perceberam o quanto é importante cuidar bem da mata nativa e do solo. Com suas próprias experiências, perceberam que a diversificação de cultivos é a melhor saída para a convivência com o semi-árido.