Balanço do Coqueiro


O Grupo Balanço do Coqueiro, do assentamento Maceió, em Itapipoca, Ceará, é formado por jovens protagonistas da cultura e da afirmação da identidade rural. Juntos a quase 10 anos, o grupo se edifica no resgate da cultura de sua terra, na valorização da arte local, com seus tambores, ritmos e poéticas propõem o fortalecimento da reforma agrária, dos direitos da mulher e da juventude no campo. Atuam a partir de linguagens
artísticas e comunicativas (música, dança, teatro, fotografia), da gestão de uma casa
digital rural manipulando tecnologias de informação e comunicação, além de manter
uma área de reflorestamento na comunidade e o grupo de beneficiamento da produção de Óleo de Coco.  
A perspectiva do grupo de jovens como jovens rurais se fortaleceu muito a partir do projeto Um Novo Olhar da Juventude sob o Meio Rural (2011), realizado pelo CETRA, que tinha o objetivo de estimular o protagonismo juvenil, proporcionando um novo olhar para o meio rural, geralmente preterido em relação à cidade pelos jovens, sendo considerado um espaço no qual não pode se encontrar o crescimento e a felicidade.
“A gente teve um novo olhar pra questão das lutas do assentamento. Como tem muitos assentados na comunidade [Sítio Coqueiro] nós sempre fomos um grupo de jovens muito ligados a isso. A relação da comunidade com o assentamento. E essa vergonha de dizer que era do rural, e de área de assentamento... pra muitos pesa isso. E o projeto veio nos mostrar o contrário. Pelo contrário, isso deve nos fortalecer ainda mais por sermos jovens rurais e moradores de áreas de assentamento”, conta Arildo Soares, um dos integrantes do grupo.    
Atualmente o Balanço do coqueiro conta com três espetáculos, o "Flor do meu quintal", de 2014, dirigido pelo músico, bailarino, ator e professor Viana Júnior; "Um toque de renda", produzido em 2017 com direção de Orlangêlo Leal, da banda Dona Zefinha, também de Itapipoca; e o mais recente, "O meu coco é a cor da minha gente", que esteve na programação do Festival de Dança do Litoral Oeste (2019), e foi produzido pelo próprio grupo.  
Os três espetáculos abordam temáticas diferentes, mas todos contam com a poesia revolucionária de Nazaré Flor, feminista, agricultora, militante e compositora do assentamento Maceió. O primeiro espetáculo traz em seu contexto a história de luta e resistência pela terra, atravessados pela necessidade de se ter um pedaço de chão para poder plantar e viver com dignidade. O grupo faz uma fusão de um momento histórico vivido pela comunidade e a arte vivenciada por eles. O segundo espetáculo traz luz para a luta das mulheres de seu assentamento: rendeiras, donas de casa, educadoras e militantes. Faz eco a tripla jornada de trabalho delas pela poesia, pelas rendas que compõem o figurino e os utensílios domésticos para musicalizar. E o último espetáculo, foi produzido da perspectiva nostálgica do grupo sobre seu lugar, sobre sua comunidade e as vivências de seus membros. Traz a força cotidiana de suas mulheres, suas memórias de infância, faz reverência ao chão que habitam, valorizam de todo o trabalho desenvolvido por sua gente o que fica claro no figurino, produzido pelas costureiras e rendeiras da comunidade.  
O grupo já se apresentou na Bienal Internacional de Dança do Ceará (2014), na 2ª Conferência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (CNATER/2016), e em espaços de discussão da agroecologia e cultura popular. O Balanço do Coqueiro é formado majoritariamente por mulheres, fortalecendo o protagonismo e autonomia feminina no assentamento. "As mulheres sempre ficaram mais a cargo da religião na comunidade, a parte da reunião sempre foi mais pros homens. Só que hoje na comunidade estamos despertando outras pessoas, como trabalhamos muito em grupo na comunidade... No trabalho do óleo de coco a referência hoje é uma jovem mulher. A nossa geração vem brigando muito para abrir essas portas. A gente não tá só mais na religião, mas também nos processos mais sociais da comunidade. Essa questão de falar, de se impor... Esses processos tantos das reuniões, como das formações, tem despertado nas outras meninas uma vontade de falar e participar”, conta Regilane Alves, integrante do grupo".

1. Identificação

Nome da organização que está registrando a experiênciaCETRA

2. Duração da experiência

Essa é uma experiência criada em resposta aos efeitos da crise sanitária decorrente da pandemia do Coronavírus (Covid-19)? Não, a experiência já vinha acontecendo e continua durante a pandemia

3. Identificação do tipo experiência

Esta experiência é/foi realizada no Brasil?Sim

Selecione o tipo de experiênciaArtística e cultural

4. Sujeitos

Você considera que a experiência tem uma atuação em Rede? Sim

Qual(is) a(s) identidade(s) do(s) grupo(s) social(is) e coletivo(s) que participa(m) da construção desta experiência?Assentados da Reforma Agraria

Sexo - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiência

  • Feminino
  • Masculino

Se há um sexo com maior participação, indique Feminino

Cor ou raça - indique o(s) grupo(s) que participa(m) da experiência

  • Preta
  • Indígena

Se há uma cor ou raça com maior participação, indiquePreta

Faixa etária - indique o(s) grupo(s) que participa(m) dessa experiênciaDe 15 a 29 anos

Se há uma faixa etária com maior participação, indiqueDe 15 a 29 anos

6. Localização e abrangência espacial

Esta experiência está sendo cadastrada pelo celular (via aplicativo ODK Collect)? Não

7. Práticas em saúde e agroecologia

Águas e saneamento

  • Captação de água de chuva
  • Cisterna
  • Biodigestor

Práticas Agroalimentares (produção/beneficiamento/consumo)

  • Adubação verde
  • Agrofloresta
  • Quintais sócio-produtivos (horticultura, pomar, etc.)
  • Feiras agroecológicas
  • Compostagem

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) Plantas medicinais e fitoterapia

Práticas Populares e Tradicionais de Cuidado em Saúde ou Saúde Popular

  • Remédios caseiros a partir de plantas medicinais
  • Benzimentos, orações, aconselhamento

Esta prática é considerada uma tecnologia social pelos protagonistas da experiência? Sim

O que estimula a adoção dessa(s) prática(s)?

  • Participação em redes de aprendizados e conhecimentos
  • Curso de capacitação e treinamento
  • Intercâmbio/vivência

8. Políticas públicas

Caso a experiência tenha acessado uma ou mais políticas públicas brasileiras, indique

  • Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Programa Ecoforte)
  • Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e outras Tecnologias Sociais de Acesso à Água (Programa Cisternas)

9. Resistências e ameaças

Algo ameaça esta experiência?

  • Contaminação/poluição ambiental
  • Violência do Estado
  • Intolerância religiosa
  • Sucessão geracional frágil ou inexistente
  • Violência de gênero (contra mulher, LGBTQIAP+fobia)
  • Violência geracional (contra crianças, adolescentes, idosos)
  • Disputa territorial ou dificuldade de acesso ao território
  • Racismo
  • Transgênico
  • Agrotóxico

Há conflito(s) ambiental(is) no(s) território(s) onde essa experiência acontece?Sim

Indique o(s) município(s) e respectiva(s) Unidade(s) Federativa(s) onde acontece o conflitoITAPIPOCA

Grupo(s) social(is) atingido(s) pelo conflito ambiental

  • Povos indígenas
  • Trabalhadoras/es rurais assalariadas/os
  • Agricultor(a) familiar
  • Trabalhadoras/es rurais sem terra

Atividade(s) geradora(s) do conflito

  • Energia eólica
  • Agrotóxicos
  • Especulação imobiliária

Impactos Socioambientais da(s) atividade(s)

  • Urbanização desordenada
  • Poluição do solo
  • Exploração no trabalho
  • Erosão do solo
  • Desmatamento
  • Poluição de recurso hídrico
  • Falta de saneamento básico
  • Contaminação ou intoxicação por substâncias nocivas
  • Incêndios e/ou queimadas
  • Invasão/dano a área protegida ou unidade de conservação

Possíveis danos à saúde decorrentes da atividade e/ou do conflito

  • Piora na qualidade de vida
  • Acidentes
  • Insegurança alimentar e nutricional
  • Obesidade
  • Falta de atendimento médico
  • Doenças respiratórias
  • Violência sexual/abuso
  • Violência psicológica/assédio
  • Desnutrição
  • Doenças não transmissíveis ou crônicas
  • Alcoolismo e/ou uso problemático de outras drogas
  • Contaminação química
  • Contaminação ou intoxicação por agrotóxicos
  • Doenças transmissíveis

A experiência aqui cadastrada está envolvida nesse(s) conflito(s) ambiental(is)? Sim, a experiência contribui para o enfrentamento do conflito

11. Estratégias de Comunicação e Anexos

Que tipo(s) de ferramenta(s) utiliza para divulgar a experiência e se comunicar com os envolvidos?

  • Facebook/Messenger
  • Instagram
  • Whatsapp/Telegram

12. Redes em saúde e agroecologia

De que forma sua organização poderia colaborar na criação e/ou fortalecimento dessas redes?Atraves do processo de trocas de conhecimento, intercambiando experienciais de juventudes rurais e urbanas. 

Anexos