Avicultura agroecológica no planalto sul catarinense
O Assentamento 30 de Outubro, localizado às margens da BR-282, é formado por 86 famílias divididas em três comunidades. Destas, 17 decidiram fundar uma Cooperativa, a Copagro. Nos últimos cinco anos, a Copagro têm evoluído na produção e comercialização de frangos, criados em sistema semi-extensivo e conforme as normas do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Produz uma média de quatro lotes de 600 frangos por ano, sendo que 30% é para consumo familiar e o restante é comercializado no município. Durante esse período, o grupo adquiriu bastante experiência. Já criou diversas linhagens comerciais “tipo caipira” e híbridos industriais. Também começou a empregar diferentes modelos de galpões e piquetes, um sistema de aproveitamento de subprodutos (horta e laticínios) e o preparo de ração sem aditivo de antimicrobianos (utilizando o núcleo vitamínico- mineral “natural”). As aves são vendidas vivas diretamente para os consumidores, ou abatidas em um pequeno frigorífico particular com inspeção estadual. No entanto, devido aos altos custos do abate terceirizado, as aves acabavam sendo abatidas e comercializadas informalmente. Com o objetivo de legalizar esse processo e atender à crescente demanda de frango colonial, a Copagro está em fase de organização técnica e gerencial para viabilizar economicamente a produção, o processamento e a comercialização. Para tanto, valendo-se de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e da Prefeitura Municipal de Campos Novos, construiu um abatedouro com capacidade inicial de 500 aves por dia. Outra experiência de criação de aves agroecológicas está no Assentamento Sepé Tiarajú onde os agricultores trabalham coletivamente na produção agroecológica de hortaliças, grãos, leite em pastoreio rotacionado (em processo de conversão), suínos para consumo e também em sistema de integração convencional, este na produção de biogás. O trabalho visa o abastecimento de 20 famílias com carne de frango e ovos (40 aves e 70 dúzias de ovos/ mês). Há dois anos foi iniciada a reestruturação da criação avícola, priorizando melhorias das condições higiênico- sanitárias, organizando manejo de piquetes, separando aves por idade e espécie e investindo na produção de pintos em incubadora artificial de pequeno porte. As matrizes e os reprodutores são selecionados do próprio plantel de híbridos comerciais “tipo colonial”, comprados uma vez ao ano para o abastecimento do sistema. A utilização de plantas para prevenção e controle de algumas enfermidades é rotina e tem se mostrado bastante eficiente. Verificou-se, por exemplo, a redução de cerca de 70% na infestação de piolhos com o uso do alho (Allium sativum) na água, e da erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides), colocada na cama e ninhos. A alimentação das aves é assegurada com a produção local de milho e de hortaliças orgânicos.O grupo do Sepé nunca demonstrou interesse em produzir frango e ovos com objetivos comerciais, mas possui viabilidade técnica para tanto. Assim, podemos perceber a partir desses exemplos que existem alternativas viáveis a produção industrial de aves.