As mandalas do assentamento Acauã

O Assentamento Acauã fica no município de Aparecida no Alto Sertão da Paraíba e tem uma experiência com mandalas. Em 2001 as famílias pressionaram o Governo do Estado e conseguiram que fossem construídas 63 mandalas no assentamento. A família de Janilton, por exemplo, usa a água da mandala para irrigar suas plantas, entre elas árvores frutíferas, verduras e legumes. A irrigação é possível até no verão e seus alimentos são saudáveis, pois são produzidos sem agrotóxicos. Além disso, a família economiza na feira, pois planta quase tudo que precisa. A mandala possibilita também a criação de peixes, marrecos e galinhas, o que diminui os gastos com compra de carne. É um sistema integrado: o farelo de milho alimenta o marreco e a sobra da comida alimenta as galinhas. As fezes dos marrecos servem para a engorda dos peixes. A água irriga as plantas e tudo isso melhora as condições de vida da família. As famílias também têm plantas medicinais para a farmácia viva, que podem prevenir doenças e evitar as farmácias alopáticas. Para se construir uma mandala, deve-se primeiro escolher um lugar perto da casa. Depois amarrar a um cordão, com mais ou menos 3 metros de comprimento, um pedaço de pau em cada ponta, esticar e riscar uma roda, com uma pessoa segurando uma das pontas do cordão no meio e outra fazendo o risco. Depois de marcada a roda, deve-se começar a cavar ao redor formando um funil. Com um buraco cavado inicia a outra parte do trabalho: rebocar as paredes. Para isso gasta-se 5 sacos de cimento, 15 carros de mão de areia e 300 tijolos. O traço é feito com 3 carros de mão de areia para cada saco de cimento. A mandala acompanha uma mangueira preta de 25 metros para fazer a irrigação ao redor do buraco. A água é puxada por uma bomba manual, a bomba rosário, e depois desce pela mangueira por gravidade. São feitos na mangueira pequenos furos para colocar pedaços de fitilho, aquelas mangueiras fininhas usadas para cobrir cadeiras de ferro. Em alguns lugares se colocam garrafas de plástico com um furo na tampa para gotejar nos pés das plantas. É uma irrigação que fornece água aos poucos para as plantas e economiza água. Com o crescimento da produção as famílias começaram a comercializar na própria comunidade. As famílias dos assentamentos Santo Antônio, Bartolomeu I, Frei Damião e Valdecy Santiago iniciaram uma feira agroecológica na cidade de Cajazeiras. Já as famílias do assentamento Acauã comercializam seus produtos na feira da cidade de Aparecida.