Alternativa de comercialização de produtos agroecológicos em meio a pandemia do Covid-19

A Associação Paraense  de Apoio as Comunidades Carentes - APACC juntamente com a Rede Jirau de  Agroecologia através dos Projeto SEMEAR apoiado por Misereor exerce um trabalho de desenvolvimento do processo de comercialização com a agricultura familiar no Território do Baixo Tocantins, estado do Pará, por dentro de alguns circuitos como, por exemplo, feiras de agroecologia e Ecosol e mercados institucionais através do PAA e PNAE. Com o avanço da pandemia da COVID-19, em março de 2020, os decretos das prefeituras municipais, como de Cametá/PA referente às orientações da OMS para evitar aglomerações, fez com que as ações da Feira de Produção Agroecológica e Ecosol, o qual acontecia aos sábados no município de Cametá, fossem consequentemente suspensas de forma temporária. Visando uma forma de manter a renda das famílias envolvidas nas ações e garantir a segurança e soberania alimentar de seus consumidores, foi observada a necessidade de uma nova alternativa de comercialização, nessas condições, surgiu a ideia do mecanismo de entrega à domicílio das cestas de produtos agroecológicos, sendo a experiência no município de Cametá/PA.
A mesma funciona através de um grupo, criado no aplicativo de mensagens WhatsApp, para receber os pedidos dos clientes, onde os responsáveis pela ação, por meio de uma lista conseguem oferecer os produtos que são disponibilizados pelos agricultores (as) familiares e agroextrativistas, fazendo isso semanalmente às terças-feiras e quartas-feiras para que ocorra as entregas das cestas nas sextas-feiras, utilizando de todas medidas preventivas devido a Pandemia da COVID-19. 

No começo as cestas tiveram início com cerca de 5 agricultores (as) familiares envolvidos, os quais tinham facilidade de contato e como fazer o transporte de seus produtos para o centro de  distribuição mesmo com alguns problemas logísticos, pois essa nova experiência  não conseguia incluir todos os participantes da feira agroecológica. Logo na primeira semana de entregas, foram recebidos cerca de 39 pedidos. Pela qualidade dos  produtos e acessibilidade do circuito, a demanda vem crescendo e alcançando  seus objetivos de comercializar alimentos agroecológicos, para manter a renda  dos agricultores (as) familiares e buscar melhorias na saúde dos consumidores e valorizando o trabalho dessas populações, isso fez com que na segunda semana a  cesta recebesse cerca de 66 pedidos, aumentando a cada semana, chegando a marca  de 130 cestas, ou seja, famílias. 

Hoje contamos com cerca de 18 famílias de agricultores (as) familiares e agroextrativistas que se integraram ao circuito, para a entrega de suas produções ao centro de distribuição, na própria APACC, onde ocorre a montagem das cestas e saída para entrega. Na primeira semana de entrega das cestas agroecológicas, que ocorreu no dia 28 de março de 2020, foi feita uma avaliação referente a nova forma de mercado de produtos  agroecológicos e percebeu-se alguns desafios quanto a logísticas, transporte até as casas dos consumidores, quanto a organização de produtos e rapasse de recurso  financeiro para os agricultores e, também, em como envolver o maior número de agricultores/as possível na experiência. Mediante a isso, as estratégias sugeridas para a melhoria da funcionalidade da entrega foram ter o apoio de novos entregadores, separar os pedidos por bairros, solicitar aos agricultores (as) familiares para pesarem e separarem seus produtos de modo que facilitasse na hora de fazer a contabilidade e repasse do recurso. Quanto ao aumento do número de agricultores/as envolvidos, aqueles que tem maiores facilidades de como transportar seus produtos, estão possibilitando o apoio para transportar os produtos dos demais até o local de organização e distribuição.