AgroflorIF: preservando recursos, disseminando educação
A referida experiência agroecológica compõe o projeto de extensão AgroflorIF, em andamento desde 2019, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), campus Catanduva. O projeto de extensão se propôs a implantar um sistema agroflorestal no IFSP Campus Catanduva como proposta de construção de uma educação ambiental que desenvolva, na comunidade interna e externa, a percepção de que é possível fazer Agroecologia no espaço escolar, ou seja, promover a Agroecologia a partir do tripé ensino, pesquisa e extensão.
O projeto - AgroflorIF - é desenvolvido em dois módulos que totalizam cerca de 130 metros quadrados e atualmente envolve cinco docentes da área de Geografia, Biologia, Matemática, dez discentes do ensino médio técnico e do ensino superior (entre bolsistas e voluntários) e dois técnicos administrativos. A área é urbana, muito degradada e compactada, localizada em um município que tem a cana-de-açúcar como monocultivo principal. O projeto contou com parcerias fundamentais para o planejamento e início da implantação do SAF, como a Prefeitura Municipal de Catanduva, a ONG RefloreSER Sócioambiental o acampamento Egídio Brunetto, localizado entre Guaraci e Altair e o assentamento Mário Lago, de Ribeirão Preto, ambos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A metodologia de execução do projeto se baseia no desenvolvimento das seguintes etapas: 1. Manejo do sistema agroflorestal; 2. Manutenção da composteira, cujos resíduos são advindos do refeitório da escola; 3. Realização de lives informativas para a divulgação do projeto e de temas relacionados à agroecologia e sistemas agroflorestais; 4. Recebimento de grupos de alunos de escolas públicas e privadas de Catanduva e região para visita monitorada ao SAF; 5. Produção de conteúdo digital (artes gráficas, fotografias, vídeos e textos educativos) por estudantes bolsistas, sob orientação das docentes. O projeto conta com uma conta no Instagram (@agroflorif, o que foi fundamental para divulgar as ações do Projeto durante a pandemia de Covid-19, ações estas restritas ao corpo gestor que deu continuidade ao manejo e cultivo de espécies, inclusive com doação de alimentos a famílias em vulnerabilidade alimentar.
Dos resultados, o projeto tem promovido a recuperação gradativa do solo, a formação de uma microflora e microfauna locais, a redução do descarte de resíduos orgânicos do refeitório, transformados em adubo e biofertilizantes; o cultivo de diferentes espécies de leguminosas, hortaliças, frutíferas, floríferas e espécies com função de adubação verde: feijão cara suja, feijão de porco, feijão guandu, berinjela, milho, abóboras, batata-doce, mandioca, quiabo, couve, alface, rúcula, almeirão, tomate cereja, pimentas, banana, amora, mamão, goiaba, acerola, mucuna, crotalária, embaúda, mamona etc., organização de um banco de sementes. O projeto inspirou, em 2020, dois projetos integradores de pesquisa: a) um sistema de irrigação automatizado instalado em nosso SAF em dez. de 2020; b) o desenvolvimento teórico de um Triturador de galhos e resíduos orgânicos; e em 2022 inspirou um projeto integrador de pesquisa c) sobre agroflorestas e segurança alimentar. Resultou em três colheitas de: 1) 35 kg de batatas doces, mandiocas e berinjelas, doados a alunos da escola em situação de vulnerabilidade socioeconômica; 2) 31 kg de mandiocas, doados à ONG Prateleira Solidária; 3) 4 caixas de hortaliças (couve, alface, rúcula e almeirão), doadas à ONG Prateleira Solidária. Inspirou a expansão de SAFs para além dos muros da escola, em 2021, através da agrofloresta urbana "Eng. Agr. Fernando Colombo de Amo" localizada no bairro Vivenda 7 de Setembro, em Catanduva/SP e tem realizado reuniões com munícipes interessados em implantar um SAF.