Agroextrativismo: uma alternativa sustentável para a produção familiar na região dos babaçuais
Há 15 anos, famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais, assentadas pelos governos federal e estadual no Médio Mearim, região central do estado do Maranhão, vêm desenvolvendo com sucesso sistemas agroextrativistas que combinam agricultura, pecuária e o extrativismo do coco de babaçu. Em 1997, a Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão - Assema iniciou uma experiência inédita na região através do plantio em “roças cruas”, no povoado de Centro do Coroatá, município de Esperantinópolis, introduzindo duas inovações técnicas importantes nos sistemas tradicionais: o preparo da terra sem o uso da queimada e o plantio de “culturas brancas” em consórcio com as palmeiras de babaçu. Essas práticas pioneiras foram importantes para demonstrar que a palmeira não é um empecilho para o tipo de agricultura tradicionalmente praticado na região. Com base nessa experiência, a Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco iniciou a implantação de “roças cruas” entre seus filiados com três objetivos: eliminar o uso do fogo para preparo de áreas de cultivo no município; acabar com os longos períodos de pousio porque com o sistema inovador a mesma área de produção pode ser utilizada seguidamente por muitos anos; e incentivar a produção e a comercialização de produtos orgânicos pelas famílias do projeto. Atualmente 32 famílias empregam o sistema e a cooperativa exporta óleo de babaçu in natura para a Inglaterra e para os Estados Unidos. Em 2002 foram exportados 64.940 quilos, e em 2003, 58 mil quilos. Ao promover uma grande campanha pela preservação do meio ambiente e pela vida nos babaçuais, essa experiência inovadora conquistou o Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente e foi classificada entre as 30 melhores tecnologias sociais do Brasil no Prêmio Fundação Banco do Brasil em Tecnologia Social, instituído em conjunto com a Unesco.