Agroecologia e preservação Ambiental com Sistemas Agroflorestais na Mata Atlântica

A família Ferreira chegou ao sitio São José em 1987. O agricultor José Ferreira deixou seus 18 anos de carteira assinada em busca de uma nova história e realizar o seu sonho de voltar para a terra. No início plantavam banana e café em sistema de monocultura, mas a renda era pouca devido as despesas com transporte e como não produziam nada para o consumo da família o pouco que tinha era para pagar as despesas. Passaram por muitas dificuldades e foi preciso que José Ferreira trabalhasse fora para sustentar a família, que estava crescendo, pois em 1997 nasceu o seu quarto filho. No ano de 1999, as coisas começaram a mudar, o agricultor José Ferreira percebeu que essa não era melhor forma de manter-se na terra com sua família, foi a partir daí que relembrou como seu pai plantava aproveitando os restos vegetais para recuperação do solo. Foi quando também teve a oportunidade de ver uma nova forma de plantar, ao fazer uma visita no Vale do Ribeira em São Paulo, onde pode conhecer os sistemas agroflorestais. A partir desse momento, Zé Ferreira passou a desenvolver em seu sítio essa nova forma de produção, que garantiria o sustento de sua família com menos dificuldade, já que trocaram a enxada pelo penado e a monocultura pelo plantio diversificado, podendo produzir alimentos e recuperar a terra, que já estava sofrendo um pouco com o pisoteio do gado que também criava. A família Ferreira iniciou o planejamento de um projeto agroecológico para a sustentabilidade e qualidade de vida. Antes de criar esse projeto de sustentabilidade, a renda do sitio só garantia 18% das despesas da família, no ano de 2001 a história começou a mudar, a renda passou de 18% para 32% naquele ano. Já em 2002 a renda foi para 48%, passando para 61% em 2003 e para 82% em 2004. Nesse mesmo ano foi realizada a primeira Vivência Agroflorestal, com o intuito de difundir o trabalho realizado no sítio, visando a troca de experiências com grupos de estudantes, agricultores, técnicos e outros. A qualidade de vida foi alcançada em 2005 quando 100% da renda da família passou a vir das atividades realizadas no próprio sítio, incluindo a realização da II Vivência Agroflorestal. O Sítio São José visa o trabalho de agricultura ecológica para a auto sustentabilidade com qualidade de vida, visando melhorar o desenvolvimento da agricultura familiar com um sistema que seja produtivo sem agredir o meio ambiente. Os sistemas agroflorestais do sítio são preparados para produzir em curto, médio e longo prazo, mas além de produzir alimentos para a família, a agrofloresta também foi pensada para a recuperação da Mata Atlântica. Introduziram então em seus sistemas diversas espécies nativas cujo suas sementes foram coletadas no local o que proporcionou durante o período de 2000 a 2005 a produção e o plantio de 31.844 mudas de espécies arbóreas e frutíferas, sendo que 80% espécies nativas da Mata Atlântica. No mesmo período foram plantadas ainda 52.474 mudas de palmito, num total de 84.318 mudas plantadas em 5 anos. Na IV Vivência Agroflorestal em 2007 foi implantado o Sistema Agroflorestal de n°12 e mais outras áreas. Chegaram num total de 108 mil mudas plantadas. O sítio São José não possui luz elétrica e para garantir o armazenamento dos alimentos colhidos, para que possam tê-los em períodos fora de safra, possuem um sistema de fabricação caseira a vácuo, sem conservantes e corantes, conservas (milho, guandu, chuchu, feijão, inhame...), compotas (goiaba, mamão, jabuticaba, jussara...) e doces diversos. Essas conservas duram até 2 anos. A meta da família Ferreira é mostrar que para preservar o meio ambiente não é necessário tirar o homem do campo, mas sim educá-los e orientá-los para viverem em harmonia com a natureza e contribuir para a preservação ambiental. O propósito é conservar a tradição agrícola que cada dia está deixando de existir, devido a falta de conhecimento e as pressões ambientais

Anexos

Anexo 1

Dimensões: 2560px x 1920px