Agroecologia e Gênero: Experiências em quintais produtivos nas comunidades Sítio Coqueiro e Barra do Córrego – No Assentamento Maceió/Itapipoca/CE

O objetivo do estudo foi analisar a produção, consumo, destino e comercialização dos produtos dos quintais de três famílias, sob a perspectiva de gênero, junto às Comunidades Sítio Coqueiro e Barra do Córrego, do Assentamento Maceió. Estas famílias são assistidas pelo Projeto “Quintais para a Vida” desenvolvido pelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (CETRA). Especificamente buscou-se identificar as práticas agroecológicas utilizadas; identificar os sistemas e subsistemas dos quintais; conhecer e problematizar o trabalho realizado nos espaços das unidades produtivas; e identificar a influência dos quintais na soberania e segurança alimentar das famílias. A metodologia utilizada foi uma pesquisa exploratória e empírica que através de técnicas de observação participante, conversas informais e aplicação de entrevistas semiestruturadas obtiveram-se as informações necessárias a este trabalho. Os resultados apontam que as famílias têm demonstrado relações de poder mais igualitária e quando a mulher participa dos processos de decisões, surgidas no quintal, sobre plantio, criação, colheita, comercialização e usufruto da renda, os sistemas produtivos tendem a ser mais diversificados, não só pela sua importância na segurança alimentar como na geração de renda, além do mais, torna evidente o empoderamento e autonomia dessas mulheres agricultoras. Portanto, o cotidiano dessas mulheres é marcado por uma situação de trabalho com grande diversidade de tarefas, as agricultoras buscam manejar tempo para organizar e conciliar as tarefas domésticas e reprodutivas com o trabalho da produção do quintal em geral. O/as agricultor/as observado/as trabalham dentro do meio ambiente, preservando-o, equilibrando as relações homem e natureza, preservando os nutrientes do solo e utilizando insumos naturais provenientes da própria produção. Assim, o manejo e a produção desses sujeitos com base em princípios agroecológicos resulta numa agricultura socialmente justa, sem destruição do meio ambiente e que não exclui ninguém.