A Trilha do Arboreto - o início da cadeia produtiva de plantas medicinais
O uso das plantas medicinais é milenar no tratamento de diversas moléstias. Desde a década de 70, a Organização Mundial de Saúde/OMS vem preconizando o uso delas, como recurso terapêutico de baixo custo e fácil acesso. O Brasil tem uma mega biodiversidade e o uso destas plantas é cotidiano, porém de maneira bastante empírica e desvinculada dos serviços de saúde.
A partir da criação do Sistema Único de Saúde/SUS, na década de 80, houve uma crescente solicitação por terapias alternativas (Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia, etc...), culminando na publicação, pelo Ministério da Saúde, da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) - Portaria nº 971; 03/05/2006, Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF)- Decreto nº 5813; 22/06/2006, Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) - Portaria Interministerial nº 2960 ; 09/12/2008, que propõem diretrizes e metas para o desenvolvimento e propagação das terapias integrativas, particularmente com relação às plantas medicinais, para que o SUS possa oferecer estes serviços à população.
Em julho de 2011, começamos a adequação dos espaços verdes do Palácio Itaboraí, (Fotos: 1 a 9) sede do Fórum Itaboraí, um Programa da Presidência da Fiocruz em Petrópolis. Construímos diversos canteiros por toda a área do Arboreto, dividindo-a em Grupos Temáticos, para receber as diversas espécies medicinais que foram doadas, primeiramente pela Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos/PAF, que pertence ao Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde/NGBS de Farmanguinhos sediado no Campus Fiocruz da Mata Atlântica em Curicica, depois outras Instituições parceiras que também fizeram doações de espécies: (Instituto de Pesquisa Jardim Botânico/JBRJ e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/MAPA-RJ).
Simultaneamente iniciamos o inventário da biodiversidade local, catalogamos 120 espécies da flora (Fotos: 10 a 14) e 36 espécies da fauna (Fotos:15 a 19). A partir deste momento, vimos que poderíamos criar uma “Trilha”, aonde as diversas espécies de plantas com o mesmo nome popular poderiam estar agrupadas, para que a população pudesse fazer uso dessas informações, visto que, eles tem muitas desinformações sobre as plantas medicinais, levando ao mal uso e até mesmo a descrença.
Nosso foco é que a população use essas informações e faça o resgate da sabedoria popular e tradicional, pondo em prática atividades inter e transetoriais. A “Trilha” visa disseminar e resgatar os conhecimentos tradicionais e populares do cuidado na saúde, para que as gerações futuras possam se beneficiar desta biodiversidade com segurança, eficácia e segurança, gerando a promoção da saúde. Com vistas a atingir o objetivo e as diretrizes da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos que visa “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”, trazendo a revalorização da natureza e de terapias à base de plantas medicinais e o empoderamento dos diversos atores envolvidos nos territórios que trabalhamos.
Concluído a primeira fase do Projeto, estava criada a “Trilha do Arboreto” do Fórum Itaboraí. (Foto 20)
Na “Trilha do Arboreto” encontra-se um Acervo vivo, (Foto 21) permanente da biodiversidade vegetal, que tem como principal objetivo ajudar a sociedade a compreender as diferenças e características de diversas espécies de plantas, em especial aquelas com o mesmo nome popular, como os Boldos, Espinheiras-santas, Mentas, Guacos, Ervascidreiras, Alecrins, Arnicas, além da interação coma fauna.
As visitas na Trilha do Arboreto é aberta ao grande público, de segunda a sexta, das 09h às 17h, e sábados, das 09h às 16h (no momento esta fechada). Temos dois (2) monitores que cursam nível superior, que ajudam o visitante a ter uma relação mais próxima, através de degustações (palativas e ofativas) de algumas espécies. Essa iniciativa já orientou mais de 3.000 pessoas na compreensão das propriedades e diferenças morfológicas entre as mais de 400 espécies de plantas desta “Coleção”, em constante rotatividade, todas as espécies são identificadas por placas informativas (Foto 22 e 23) com seus nomes popular e científico, família, centro de diversidade, uso popula.r e seu status, ou seja, se é tóxica, aromática, nutritiva, espiritual, ornamental ou medicinal.
O caráter sócio-educativo-cultural fica ainda mais evidente quando aplicado às plantas medicinais. Nesse contexto, além das informações básicas de identificação, algumas orientações específicas também são fornecidas para que a droga vegetal seja utilizado corretamente. A Trilha do Arboreto ainda desempenha um importante papel em diversos Programas/projetos do Fórum Itaboraí (Fotos 24 e 25).
As visitas devem ser agendadas pelo envio do formulário que estão no site do Fórum Itaborai, na parte da Biodiversidade e Saúde /Solicitações (Anexo A), e também podem ser agendandas pelo Portão do Cidadão (Anexo B).
Outros anexos pode ser acessado na nossa página:
Anexo C – Solicitar Sementes e Mudas/Anexo D – Solicitar diversos serviços/Anexo E – Folder de Divulgação da Trilha/Anexo F – Mapa das espécies da Trilha do Arboreto /Anexo G – Folder de divilgação da PANC /Anexo H – Caderno Itaboraí 3 – PANC /Anexo I – Caderno Itaboraí 4 – Plantas Medicinais
Em 2014, a “Trilha do Arboreto” ganhou outras áreas: um Laboratório de Botânica - Banco Ativo de Germoplasma/BAG ex-situ (sementes) – Casa de Vegetação – Viveiro de mudas – Laboratório de Beneficiamento Primário, e com isso criamos o “Horto-Escola, coordenado pelo Programa Biodiversidade e Saúde do Fórum Itaboraí, com o objetivo de dar apoio aos diversos trabalhos que realizamos internamente e externamente, formando multiplicadores destas atividades que permeiam o início da cadeia produtiva das plantas medicinais. O foco são aulas in loco”, para a população em geral, e mais específico para grupos de agricultores familiares, alunos de escolas/universidades e atender a projetos institucionais e/ou acordo de Cooperação técnica em torno dos diversos tipos de plantas.
O Laboratório de Botânica atende a diversos projetos, com coleta de matéria prima vegetal, de qualidade, confiabilidade e rastreabilidade, pois toda planta aqui estudada, é feito exsicata (Fotos 26 e 27) e identificada, com dados georeferenciados e as mesmas são depositadas/tombadas em Herbário fiel depositário, para quando se fizer necessário possamos buscar a determinação (Foto 28) desta espécie corretamente, com suporte técnico-científico. Análise química das plantas também ocorrem quando se faz necessário, como foi no caso do Projeto APL Petrópolis/2012, aonde fizemos a determinação química de várias espécies (Vernonia polyanthes/Assa-peixe; Mikania laevigata/Guaco; Cymbopogon citratus/Capim limão; Varronia curassavica/Erva baleeira; Bauhinia forficata/Unha de vaca; Gymanthemum amygadalinum/Alumã; Schinus terebenthifolia/Aroeira; Curcuma longa/Curcuma; Alpinia zerumbet/Colônia; Calendula officinalis/Calêndula; Maytenus ilicifolia/Espinheira santa; Thintonia diversifolia/Mão de deus; Mentha piperita/Menta piperita; Baccharis crispa/Carqueja, bem como o perfil genético (feito na Embrapa/Cenargen-DF, Laboratório de Genética Vegetal) e a determinação botânica ( Herbário da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ).
Participamos com membros de várias Comissões e Conselho:
- Comissão de Produtos Orgânicos/MAPA-RJ
- Comissão Estadual de Sementes e Mudas/MAPA-RJ
- Comissão Municipal de Segurança Alimentar/ CONSEA- Petrópolis
- Comissão Municipal de Controle de Agrotóxico e outros Biocidas - COMCAB/ Petrópolis
- Conselho de Econômia Solidária/Petrópolis
- Grupo de Trabalho- PICs na Secretária de Estadual de Saúde/RJ e da Fiocruz/RJ
Outro projeto que demos apoio técnico foi no Assentamento Ademar Moreira em São Pedro da Aldeia (Foto 29), para exploração extrativista dos frutos de Schinus terebenthifolia/Aroeira, é o primeiro Assentamento com autorização do Inea para este tipo de exploração, dando credibilidade e segurança aos pequenos agricultores do território, que antes viviam na cladestinidade. O produto agora tem determinação botânica, análise química e análise Bromatologica (Laboratório de Controle Bromatologico e Microscópio/Faculdade de Farmácia/UFRJ, isso agregou valor ao produto, aumentando a renda familiar.
A Educação Ambiental esta presente em nossas atividades, principalmente no que tange as abelhas. Tivemos um caso importante com as Euglossini (Foto 30), que pertence a tribo de abelhas formada por cinco gêneros, e pertence à subfamília Apinae.
As abelhas desta tribo são popularmente conhecidas como abelhas-das-orquídeas, e estão sendo exterminadas, porque elas se parecerem com moscas varegeiras, a população do entorno do Palácio, andou matando bastante, quando indentificamos o problema, conseguimos fazer a preservação delas. São abelhas exclusivas para polenização das orquídeas, não produzem mel. Quando da época do acasalamento, os machos vem em exames, se perfumar nas inflorescência de determinadas espécies vegetais, para atrairem as fêmeas.
Começamos a colocar na “Trilha do Arboreto” uma caixa de Abelha sem Ferrão (Foto 31) e localizamos na “Trilha” outra espécie, chamada de Boca de Sapo (Foto 32). Iscas estão sendo colocadas ao longo da Trilha para catalogarmos mais abelhas Meliponas.
Outra atividade que estão introduzindo na “Trilha”, é a minhocultura, com minhocas da california, que foram doadas pela da comunidade Vale do Jacó/Petrópolis, parceira do Fórum Itaboraí.
Também temos parceria com a Fiocruz de Minas Gerais/Instituo René Rachou, com o Núcleo de Inovação Tecnologica, no Projeto INOVA da Fiocruz, com o envio de subamostras de várias espécies da nossa coleção, para compor o Banco de extrato da unidade, com o objetivo de se achar substâncias contra malaria inicialmente e depois substâncias antivirais (para Dengue, Zika, Chicungunha, etc...).
Um Acordo de Cooperação Técnica com o Instituto Estadual do Ambiente/INEA de Santa Maria Madalena, esta em fase de finalização, aonde vamos implantar um matrizeiro de plantas medicinais com o objetivo de dar apoio a projetos do INEA, um deles é criar Farmácias Vivas nos territórios aonde se tem Hortos do INEA (Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Cantagalo e Trajano de Moraes).
Atividades em escolas municipais no território (Fotos: 33 à 37) e Postos de Saúde nas localidades da Estrada da Saudade e Vale das Videiras.
O Banco Ativo de Germoplama / BAG ex-situ, serve para conservação e preservação de várias espécies, que toleram ser armazenadas, como é o caso das Sementes ortodoxas: que sobrevivem a secagem e congelamento durante a conservação ex-situ, ao contrário das sementes recalcitrantes. Varios tipos de espécies fazem parte deste acervo (Fotos 38 e 39), inclusive espécies para adubação verde e sementes criolas. Fazemos teste de viabilidade de tempo em tempo, assegurando assim a data de validade de cada espécie. Essas informações são repassadas principalmente aos agricultores e a parceiros que temos Acordo de Cooperação.
Na Casa de Vegetação é aonde ocorre nos testes de viabilidade das sementes, principalmente as sementes ortodoxas, mas também é aonde fazemos a guarda e conservação das sementes recalcitrantes - sementes que não toleram o resfriamento, isto é ser guardada em geladeira. São guardadas na terra, aonde germinam (Foto 40) e assim podemos preservar as espécies. Todas essas metodologias são testadas para serem replicadas aso diversos atores dos terrotórios que estamos atuando. Temos a certeza que com isso, vamos garantir a soberania alimentar, garantindo uma alimentação saudável, revelando que é possível contribuir com a construção de uma cadeia de práticas e de significados para a promoção da saúde.
No Viveiro de Mudas guardamos as mudas de diversas espécies, tanto para reposição do Acervo da Trilha do Arboreto, como para os diversos projetos que damos suporte. (Foto 41)
No Laboratório de Beneficiamento Primário – Aqui ocorre diversas etapas dacadeia produtiva das plantas medicinais, desde a coleta da matéria prima vegetal de cada espécie, passando pela pesagem, separação e seleção das parte a serem descartadas, para depois serem lavadas , pesadas e postas a secar em estufas com circulação de ar forçado. Durante a secagem as partes das plantas, passam por teste de unidade, para vermos se estão dentro dos padrões recomendado pelo Formulário Fitoterápicos. Só então elas são retiradas da estufa e armazenas em embalagens apropriadas para fechamento à vacuo. Escrevemos diversos Procedimentos Operacionais Padrão/POPs, para cada fase da atividade. Quando a matéria prima esta prontas são enviadas para diversas análises: Química em Farmanguinhos e Microbiologica no Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde/INCQS, ambos da Fiocruz do rio de Janeiro (Fotos 42 a 45).
Anexos
Abelhas Meliponas - sem ferrão
Dimensões: 260px x 173px
Tamanho: 11787 bytes
Fauna presente na Trilha - Gavião
Dimensões: 218px x 173px
Tamanho: 12093 bytes
Viveiro de mudas e Casa de Vegetação do Horto escola
Dimensões: 368px x 260px
Tamanho: 47135 bytes
Abelhas Meliponas - sem ferrão
Dimensões: 260px x 173px
Tamanho: 11787 bytes
Fauna presente na Trilha - Gavião
Dimensões: 218px x 173px
Tamanho: 12093 bytes
Viveiro de mudas e Casa de Vegetação do Horto escola
Dimensões: 368px x 260px
Tamanho: 47135 bytes