A Hidrelétrica de Candonga-MG e a Produção Capitalista do Espaço: Conflitos, Resistências e Re-existências do

O presente artigo discute os processos de deslocamento compulsório e reassentamento de atingidos por usinas hidrelétricas, com base no estudo da hidrelétrica de Candonga, na Zona da Mata Mineira. O objetivo do artigo é analisar as contradições erigidas entre o reassentamento de Novo Soberbo, concebido pelo Setor Elétrico através de uma lógica formal, e a realidade dos reassentados, vivida concretamente, dialetizada. A fim de atingir o objetivo proposto, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os reassentados, com base na metodologia de história oral. Como observado durante a pesquisa, as contradições existentes na relação reassentados/reassentamento expressam a oposição entre dois modos distintos de apropriar e significar o espaço: de um lado a racionalidade técnica e economicista do Consórcio Candonga, manifesta na estruturação citadina do Novo Soberbo; e de outro as práticas e representações dos atingidos, vinculadas a um modo de vida essencialmente rural. O reassentamento, como técnica para solução dos impactos originários do processo de deslocamento compulsório, engendra novas opressões e ameaças à reprodução da vida dos atingidos, deflagrando conflitos socioambientais. Face à desestruturação e o esfacelamento do modo de vida dos reassentados surgem mobilizações, resistências, "resíduos de ruralidade", que colocam em questão a redução do vivido ao concebido redutor e definidor da vida. Nesse contexto de resistência e re-existência há tentativas concretas de (re)construir o reassentamento de Novo Soberbo como lugar, que revelam as (im)possibilidades de (re)apropriação deste espaço por meio das práticas sociais e das representações dos reassentados.

Anexos

Anexo 1