A agrofloresta do Seu Valdevino

S. Valdevino é um dos agricultores experimentadores referência na região Costa Verde, mais precisamente de Paraty. Sua propriedade se localiza na comunidade de São Roque, antigo assentamento rural da região, e que hoje se apresenta em um franco processo de loteamento, sendo considerada pelo poder público municipal como área de expansão urbana. Porém, Valdevino se mantém na resistência, desenvolvendo em seu sítio uma série de experiências inovadoras. As agroflorestas ou sistemas agroflorestais são as experiências mais expressivas de sua propriedade, impulsionando todo o processo produtivo do sítio. Segundo Valdevino, desde 1962 já plantava consorciado, misturando as plantas, porém somente em 1993 foi que descobriu que o que estava fazendo em sua lavoura era chamado de agrofloresta. Este fato se deu mediante ao contato com um técnico da EMATER, que o estimulou a ampliar suas áreas agroflorestais. Posteriormente, técnicos do IDACO também o apoiaram na ampliação e implantação de mais áreas de agrofloresta, incentivando sobretudo a cultura da pupunha. Desde então Valdevino vem ampliando suas áreas, participando de intercâmbios e se aprimorando nas técnicas de manejo agroflorestal. Valdevino também desempenha um papel de líder comunitário, sempre participando do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Paraty. Foi um dos principais líderes na luta pela terra no São Roque e em Paraty. Atualmente participa de algumas ações locais promovidas pelas organizações que apóiam a agroecologia na região, e toca insistentemente sua lavoura agroecológica. Valdevino é também muito conhecido na região pelas suas “garrafadas”, mas como ele próprio diz: “... a garrafada é um mistério...” e não libera a receita pra ninguém. Comercializa sua produção no Mercado Municipal de Paraty e de casa em casa, sobre encomenda. Sua agrofloresta produz entre outras coisas café, pupunha, açaí, juçara, banana, cacau, cítricos e aipim. Valdevino é detentor de uma variedade de café bastante interessante, que tem um comportamento mais adaptado ao sub-bosque, chamado por ele de café “jangada”, parecido com conilon. Este café se desenvolve muito bem nas agroflorestas antigas de Valdevino. Foi a partir das experiências com este café que Valdevino passou a multiplicar as agroflorestas em seu sítio. Alguns dizeres de Valdevino que retratam um pouco o desenvolvimento de sua experiência: “... a gente roçava e tocava fogo, deixava a terra limpa, vinha a chuva e lavava tudo, plantava duas roças no local e tinha que largar tudo, com a agrofloresta a gente deixa a vegetação apodrecer na área...” “... a plantação vai buscar a vitamina das adubadeiras, ou seja, das árvores...” “... tu tira o feijão e já vem o amendoim, depois vem a taioba e depois a banana...” “... antes nós trabalhávamos mais do que agora...”

Anexos

Anexo 1

Dimensões: 2560px x 1920px

Anexo 2

Dimensões: 1920px x 2560px