Associação dos Agricultores da Feira Agroecológica de Campo Grande, Processadores de Alimentos, Artesãos e Amigos
A Associação dos Agricultores da Feira Agroecológica de Campo Grande, Processadores de Alimentos, Artesãos e Amigos (Associação AAFA) foi fundada em 2018 com sede na Avenida Marechal Dantas Barreto, número 95, Campo Grande. A Associação AAFA é fruto de uma série de ações e articulações de resistência agroecológica na Zona Oeste onde organizações como Rede Carioca de Agricultura Urbana, Rede Ecológica e ASP-TA tiveram (e ainda tem) atuações fundamentais.
A Feira Agroecológica de Campo Grande existe há mais de 20 anos. Ficou alguns anos desativada até que em 2012, com apoio do Projeto Semeando Agroecologia da ASP-TA patrocinado pela Petrobrás, foi reinaugurada com nova identidade visual e barracas. A Feira Agroecológica possui cerca de 7 feirantes regulares e acontece todo sábado, de 8h às 12h.
Para compreender esse histórico de lutas que resultou na fundação da Associação AAFA é importante ressaltar dados contextuais da região da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro e também do território onde se localiza a Associação e onde sempre ocorreu a Feira Agroecológica de Campo Grande. A Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro se constituiu entre o rural e o urbano. A maior floresta urbana do mundo, o Parque Estadual Maciço da Pedra Branca, ainda não é vista como um polo de produção agrícola estratégico para a alimentação carioca pela Prefeitura do Rio de Janeiro e paira sobre os movimentos sociais e mandatos parlamentares comprometidos com a agricultura urbana a responsabilidade de gerenciar as crises que feiras orgânicas e agroecológicas, associações de agricultores e quintais produtivos da região passam.
Apesar de acontecer no mesmo terreno que a EMATER-Rio (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro), a Feira Agroecológica de Campo Grande recebe escasso suporte técnico e social que dialogue com suas urgências - o mesmo acontece para a maioria dos produtores agrícolas da Zona Oeste. No mesmo terreno da Feira, e agora também Associação AAFA, e da EMATER-Rio, há uma construção popularmente chamada de ‘Casarão’ que, na verdade, era a sede da ‘Cozinha-Escola de Campo Grande’, gerenciada pela própria EMATER-Rio, que possuía programação riquíssima de formação técnica em processamento de alimentos, palestras e oficinas diversas. O ‘Casarão’ continuou na ativa até meados de 2002, quando, segundo histórias de pessoas que frequentavam o espaço, passou por um incêndio e não mais retornou às atividades.
Desde o ocorrido, o local passou a ter pouquíssimo movimento e sem manutenção regular, incluindo ausência de iluminação adequada, passou a ser um ponto muito escuro e perigoso para o bairro. Com a reinauguração da Feira Agroecológica de Campo Grande em 2012, o lugar passou a ter mais atividades e ocupação democrática nas manhãs de sábados, não só por conta da Feira, mas também pela realização de eventos regulares que dialogam diretamente com a realidade do espaço. Entre os eventos, destacam-se o 1º Seminário da Pedra Branca do Rio de Janeiro em 2017, oficinas regulares de compostagem, ações do SESC Mesa Brasil como parte da Semana de Alimentação Carioca em 2018 e mais recentemente uma roda de diálogo sobre Meio Ambiente e Agricultura Familiar, pautando também a reforma da previdência com o MPA - Movimento dos Pequenos Agricultores e a Rede Carioca de Agricultura Urbana.
Em 2015, a Feira Agroecológica de Campo Grande passou a ser reconhecida como , por meio do Projeto de Lei nº 1539/2015 de autoria do vereador Renato Cinco (PSOL).
A fundação da Associação AAFA vem de encontro com a necessidade de continuidade de maneira mais formalizada às reivindicações pelo espaço do ‘Casarão’ e pela garantia de canais de suporte técnico e social à agricultura urbana da Zona Oeste, por meio da realização de eventos culturais e diálogos políticos, convocação de reuniões e assembleias, participação em espaços de articulação agroecológica e atividades de ocupação democrática do espaço.