Rede de Agricultura Biodinâmica
A Rede de Agricultura Biodinâmica tem suas raízes no trabalho pioneiro em agricultura biodinâmica, desenvolvido no Brasil desde a década de 1980. Em 1982 foi realizado no país o primeiro encontro de agricultura biodinâmica. Dois anos depois, em 1984, estruturou-se, em Botucatu-SP, o Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), tendo como principal desafio adaptar a agricultura biodinâmica para as condições tropicais brasileiras, desenvolvendo pesquisas, cursos e publicações. Em 1991 foi iniciada a atividade de certificação orgânica e biodinâmica, implementada através do selo Demeter. A Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica, entidade proponente do Programa Ecoforte, foi criada em 1995. A entidade possui uma ampla trajetória na implementação de projetos e na construção de parcerias com diferentes entidades governamentais e não governamentais, tendo atuado nas áreas de assessoria técnica e capacitação de agricultores(as) em diferentes estados. A rede envolvida na implementação do Projeto Ecoforte encontra-se estruturada em diferentes municípios, localizados nos estados de Minas Gerais e São Paulo, e conta com a participação de agricultores(as) familiares e assentados da reforma agrária, organizados em grupos e associações, engajados na produção, processamento e comercialização de produtos orgânicos e biodinâmicos. Uma parte significativa dos agricultores que integram esses grupos são certificados pela ABD, que é registrada, desde 2011, no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC), outros estão ainda em procesos de certificação. O Sistema Participativo de Garantia (SPG), coordenado pela ABD, reune 7 grupos no estado de São Paulo e 4 grupos no estado de Minas Gerais. Para além da certificação participativa, destacam-se como temas mobilizadores da Rede: a produção de sementes, a produção própria de insumos, o aperfeiçoamento técnico das atividades de produção e processamento de produtos orgânicos e biodinâmicos e a comercialização destes produtos através de diferentes circuitos: feiras (tanto em municípios do interior como na capital São Paulo), mercados institucionais, entre outros. Destaca-se também a criação, no município de Maria da Fé, de um arranjo denominado CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura), através do qual os agricultores passam a fornecer seus produtos, periodicamente, para um grupo de consumidores, que buscam apoiar, de forma mais permanente, a construção de uma agricultura sustentável. Já em Botucatu, os agricultores vinculados à Rede desempenham um papel-chave no abastecimento do bairro Demétria, onde residem muitas pessoas vinculadas à comunidade biodinâmica.