Rede de Agroecologia da Zona da Mata de Minas Gerais
A Rede de Agroecologia da Zona da Mata de Minas Gerais teve seu início nas décadas de 1970/1980, através da ações implementadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), pelas Comissões Eclesiais de Base (CEBs) e pelo Movimento da Boa Nova (MOBON), em diferentes municípios da Zona da Mata mineira. Os impactos negativos do modelo tecnológico implementado no meio rural com o processo de modernização da agricultura já eram sentidos, naquele momento, na Zona da Mata, em função da diminuição da fertilidade das terras e do uso intensivo de agrotóxicos. Somavam-se a isso as dificuldades entrentadas sobretudo pelos parceiros, que lutavam naquele momento pela garantia de direitos trabalhistas e sociais. O trabalho de base fomentado pelos setores progressistas da Igreja Católica impulsionou a criação dos Sindicatos de Trabalhadores/as Rurais (STRs) e, também, de um centro de assessoria, o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), que se tornou, ao longo do tempo, um ator de grande relevância para a construção e ampliação da Rede. O CTA-ZM foi criado em 1987, no município de Viçosa, sendo fruto da convergência entre distintos atores, incluindo estudantes, profissionais das ciências agrárias, alguns deles ligados à Universidade Federal de Viçosa (UFV), e pequenos(as) agricultores. No plano nacional, a entidade participou, ativamente, das articulações estabelecidas em torno do resgate, sistematização e intercâmbio de tecnologias alternativas e, posteriormente, da construção da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e da Articulação Mineira de Agroecologia (AMA). Ao longo de sua trajetória, a Rede foi agregando um conjunto diversificado de temas e de atores. Nos anos 1990 surgiram com força uma série de demandas relacionadas à comercialização, resultando na criação de associações de agricultores e cooperativas, que passaram a atuar na venda dos produtos cultivados pelos agricultores(as) através de diferentes circuitos de comercialização. Verifica-se, posteriormente, o fortalecimento das organizações de mulheres, a criação de diversas Escolas Família Agrícola, a criação de cooperativas de crédito e o desenvolvimento de uma série de ações voltadas à juventude rural. A conservação e manejo da agrobiodiversidade, a implantação e manejo de sistemas agroflorestais, a produção agroecológica do café, a integração entre a produção vegetal e a produção animal, o manejo dos quintais pelas mulheres, destacam-se como práticas agroecológicas disseminadas no âmbito da Rede. A criação do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro motivou, também, na década de 2000, um intenso processo de mobilização visando assegurar os direitos das famílias de agricultores(as) familiares, ameaçadas de perder parte de suas terras pela criação do Parque. Na sua fase mais recente, a rede passou a interagir, também, com diferentes organizações quilombolas, iniciando também um processo de organização de consumidores. As relações com as universidades, particularmente com a UFV, também se estreitaram em função de uma série de projetos de pesquisa, ensino e extensão relacionados à agroecologia e com a criação, no âmbito da universidade, de diferentes coletivos de trabalho com foco na agroecologia ou em outras temáticas de interesse da Rede. Atualmente, a Rede encontra-se organizada em mais de 20 municípios, reunindo um conjunto bastante diversificado de organizações.