“MORAR NA ROÇA FOI POR QUERER E TEIMOSIA”: A FAMÍLIA DE IRENE E JOÃO MARCIO

Irene nasceu em Carangola, mas muito nova mudou-se para Divino. João Márcio chegou à cidade quando tinha 18 anos. Irene trabalhava em um Posto de Saúde depois na APAE de Divino, onde permaneceu até se aposentar, e João Márcio na época trabalhava em uma fazenda nas proximidades. Eles se conheceram em 1990 em Divino, depois que João tomou um tombo de bicicleta e foi cuidado pelas mãos de Irene. Ele se interessou pela moça assim que a viu, mas o rapaz era muito namorador e Irene disse que ou ele escolhia ficar com ela ou com as outras. É claro que João escolheu ficar com Irene e no mesmo ano resolveram se casar. No início, não tinham nada, moravam na cidade de aluguel e o dinheiro era sempre muito apertado. Ficaram nessa situação durante dois anos até que conseguiram construir a própria casa com a ajuda do tio de João. Hoje o casal possui três filhos: Marcelo, Ana Carolina e João Márcio e moram na zona rural de Divino/MG, trabalhando na roça e na transição agroecológica. Mas como foram parar na roça? Eles contam que com o passar do tempo, a vontade de morar na roça foi só aumentando, pois queriam ter seu espaço para plantar e viver uma vida mais tranquila. Fizeram várias tentativas de mudança, mas nunca dava certo. Em 2009, depois de vários empréstimos ao banco e dos juros altíssimos, conseguiram enfim comprar um pedaço de terra. No terreno não havia nada além de mangueiras e mato. O casal conta que tiveram muito trabalho para deixar a propriedade tão bonita e diversificada como está hoje. O primeiro plantio foi de mandioca, arroz, amendoim, milho, abóbora e feijão. Colheram muita abóbora naquele ano. Para se ter uma ideia, o pedreiro que construiu o primeiro barracão onde a família morou foi pago com o dinheiro das abóboras colhidas e vendidas. Depois de alguns anos conseguiram a casa através do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), onde vivem hoje. Assim, João Márcio pai afirma: “Morar na roça foi por querer e teimosia nossa”, pois o começo não foi nada fácil.

Anexos

Anexo 1