Comparação entre custos de produção de milho comprova vantagem da agroecologia
Desde 1993 a ONG AS-PTA - Agricultura Familiar e Agroecologia atua na região do Centro Sul do Paraná e Planalto Norte de Santa Catarina junto a grupos de agricultores familiares. Em uma de suas atividades de construção coletiva do conhecimento agroecológico, desenvolvidas em parceria com agricultores experimentadores da região, a entidade comparou o desempenho de lavouras de milho ecológico e convencional durante a safra 2008-09.
Apenas no mês de outubro, início do plantio, choveu 25% da total médio anual para a localidade. O grande volume de água que caiu em pouco tempo fez com que muitos agricultores tivessem que replantar suas lavouras. Na sequência, a região passou por estiagem que se prolongou até o final de dezembro.
Essa manifestação das mudanças climáticas (fortes chuvas seguidas de períodos de seca) amplia os riscos da produção agrícola. A prefeitura de Irineópolis - SC informou que a quebra da safra de milho no município naquele ano foi da ordem de 50%.
Na média, os produtores convencionais obtiveram 4,5 toneladas de milho por hectare, com custo de R$ 2 mil/ha. Considerando o valor de uma saca de milho a R$ 17, os produtores convencionais tiveram prejuízos médios de R$ 762/ha. Ou seja, para produzir 4,5 toneladas de milho, gastaram o equivalente a 7 toneladas de milho.
A perda dos sistemas em transição agroecológica ficou em torno dos 20%. Usando sementes de milho crioulo e aplicando ao solo matéria orgânica e pós-de-rocha, esses produtores obtiveram produtividade média de 4,2 ton/ha, com custo médio de R$ 200/ha. Isto é, gastaram o equivalente a 744 quilos de milho para produzir 4,2 toneladas, obtendo receita líquida de R$ 980/ha ante o prejuízo de R$762 dos convencionais.
A experiência ainda mostra que mesmo no curto prazo, isto é, em estágios iniciais de transição agroecológica, os produtores de grãos podem adquirir condições muito superiores para lidar com os riscos econômicos associados às mudanças climáticas. Além disso, com o avanço da transição agroecológica, os riscos ambientais e econômicos tenderão a diminuir como consequência do aumento da diversidade biológica nos agroecossistemas.
Estes dados derrubam a crença de que os sistemas agroecológicos são menos produtivos e que os períodos de transição geram prejuízos ao produtor.