Fundo Rotativo Solidário e a experiência da Rede de Mulheres
A experiência de Silva Tânia Rosa é um reflexo das várias experiências que a Rede de Mulheres tem
desenvolvido nas comunidades que atua junto aos seus parceiros no município de Remanso, que está situado
ao norte da Bahia e faz parte da Borda do Lago de Sobradinho. A hidroelétrica de Sobradinho foi construída na
década de 70, no Submédio do Rio São Francisco. Os moradores contam que foi um dos maiores impactos
ambientais desumanos já registrados na região. As famílias, somando mais de 70 mil pessoas, foram realocadas
a 7 quilômetros da antiga cidade. Afogaram às águas de Sobradinho as cidades de Remanso, Casa Nova, Sento
Sé e Pilão Arcado, além de distritos, sítios e povoados.
Silva Tânia tem 27 anos e mora na comunidade Lagoa do Garrote, em Remanso, a 52 quilômetros da
sede da cidade. Vive com seu esposo Gilvan e as suas filhas Jéssica de 8 anos, Bianca de 4 anos e Dominique
com 1 ano e 4 meses. O trabalho principal da família é a agricultura. Ela e o esposo cultivam feijão, mandioca,
milho, abobora e melancia apenas para o consumo da família. A renda vem da venda da criação de cabra, ovelha,
galinha e do benefício Bolsa Família. As maiores
dificuldades encontradas se dão no período da seca
por falta de alimento e água para os animais. Nesta
época, os animais se alimentam de mandacaru e
xiquexique e, muitas vezes, acabam se machucando
com os espinhos. Outra dificuldade é manter os pintos
vivos quando nascem, porque são frágeis e quando
crescem ainda tem que enfrentar a falta de mercado
com preço adequado.
Tânia, como é conhecida em Lagoa do
Garrote, diz que aprendeu a criar galinha e cabra com
seus pais. Com a Rede de Mulheres e o SASOP diz
que aprendeu a melhorar os cuidados com os
canteiros, a alimentação das crianças, o uso de
remédios naturais para a criação. Aprendeu também
a criar as galinhas presas e melhorar a alimentação,
fazendo a ração balanceada que até então não sabia.
Do projeto de fundo rotativo recebeu 30 pintos
e hoje já rendeu bastante. Está aguardando o melhor
momento para fazer o repasse para outra família com
a mesma quantidade que recebeu. Conta que
participou das capacitações das quais recebeu todas
as orientações para a criação e manejo, mas sente
não ter participado do intercâmbio que houve, porque não tinha com quem deixar as crianças.
Depois que casou continuou a criar animais.